segunda-feira, 24 de junho de 2013

MANIFESTOS X MANIFESTANTES


Protesto em Porto Alegre, RS de 13.05.2013

Esse mês de junho seria mês das festas tradicionais com fogueira, quentão, fogos, bandeirinhas e muita comida típica. Porém, algo saiu do lugar comum. No primeiro dia do mês, aumento de passagens dos transportes públicos, quase que sucessivamente em todos os estados brasileiros. Um movimento de jovens, O MOVIMENTO PASSE LIVRE, e uma rede social, o FACEBOOK, foram suficientes para fazer a fogueira das Festas Juninas incendiarem as principais (e secundárias) cidades brasileiras.
Na primeira semana, como se esperava, a mídia convencional e já velha conhecida da alienação nacional, caiu de pau nas manifestações. Mas conforme o movimento foi endurecendo, e encorpando a nossa raposa velha muda sua roupagem.
As manifestações iniciaram em maio de 2013, e foi relegada a segundo plano pela mídia, e também pelos fascistas que a usurparam. À esquerda e seus partidos lá estavam, por que sempre estiveram ao lado de toda luta popular.
Em 11 de junho, manifestações no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Distrito Federal e outras capitais, foi alvo de uma repressão violentíssima da polícia, e está incorreu num erro gravíssimo, acertaram os agentes da mídia, os agentes que sempre estiveram conta a gente. A partir daí, toda opinião pública se volta contra a polícia... É o início do fim do movimento.
17 de junho novos protestos em todas as capitais, no RJ, cem mil pessoas nas ruas. Aqui ainda não tinha começado a caça aos partidos. Mas em SP, BH e RS sim. Enrolados na bandeira nacional, inúmeros infiltrados e acéfalos de plantão, partiram pra cima dos que sempre estiveram nas lutas, os partidos de esquerda (PSTU, PCO, PSOL e UNE). No RJ, um grupo resolve invadir a ALERJ (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro). Ali, eu já senti um cheiro estranho de fascista no ar.
Jovens felizes e protestando na Rio Branco, até então bonito de se ver, mas a chegada na Alerj, pelo menos pra quem já tem 35 anos de rua e de luta, tudo me pareceu muito falso e forçado. Do tipo, causar um pânico geral na população e limpar a barra da desgastada Polícia Militar, que se posta de vítima encurralada dentro do prédio. E para justificar seu “encurralamento”, usou de todo arsenal possível, inclusive balas de pólvora e não mais de borracha.

Rio de Janeiro, RJ,17.06.2013. Já não há mais bandeiras de partidos tradicionalmente de esquerda

“Já voltei pra casa, pensando:” Esse movimento está estranho. Os anarquistas porra louca estão fazendo tudo errado de novo”. Era só o começo.


Brasília, DF,17.06.2013
















Minas Gerais, Belo Horizonte 17.06.2013

19 de junho. Num discurso pra lá de afinado, senhores governadores e prefeitos do RJ (Sergio Cabral e Eduardo Paes) e SP (Geraldo Alkimin e Fernando Haddad), pronunciam o cancelamento do aumento e a volta da passagens para o preço anterior, porém deixando claro, que quem pagará essa conta é o próprio povo, com cortes em programas sociais (lê-se saúde e educação).
 20 de junho. Mega passeata, 300mil para uns, mas de 1,4 milhão pra outros (eu estava lá, e aposto nesta última opção). Aí sim, vi o que em três décadas de rua nunca tinha visto. “Manifestantes” mascarados ou não baixando o braço em todos que estivesses com uma bandeira ou uma camiseta vermelha (indicação do PT para seus militantes participarem da passeata), e a polícia baixando a porrada  em todos que estivessem vestidos.
As ruas do centro do Rio viraram verdadeiros campos de guerra, um  verdadeiro inferno. A polícia e sua truculência nata, agora respaldada pelos  tais “vândalos” criados pelas Redes de Televisão, entraram com tudo e mais alguma coisa. Lacrimogêneo, bala de borracha, cães e balas de pólvora (traçantes). A PM invade as ruas, os Hospital Salgado Filho, bares na Lapa e o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ(IFCHS), da onde os manifestantes e alunos só puderam sair escoltados pelos advogados da OAB.

O balanço total desses protestos:

RJ, 20.06.13

Passamos mais de dez anos sem nenhuma movimentação da população, os governos petistas se colocando como de  “esquerda”, numa população que não sabe o que é e nem quem compõe a “esquerda e a “direita”, insuflada por uma mídia que coloca todos os políticos no mesmo saco. Uma educação formal que também não prepara o cidadão, visto que os professores são tão contaminados pelo brilho dourado do capitalismo como qualquer um membro dessa sociedade doente como a nossa. Reclamam, reclamam mas não trazem para as suas aulas o verdadeiro significado de cidadania...Imagina o de internacionalismo. Meus colegas,(em sua grande maioria) nem sabem o que é isso.
Por outro lado a esquerda brasileira, da qual eu não me eximo,  também não se mostrou como alternativa de poder, e nem mesmo de liderança de uma massa, que poderia se levantar a qualquer momento e por qualquer motivo. E o fez,  pela gota d’água de R$ 0,20. Na verdade, o que está por trás destes vinte centavos, é mais...e muito maior.
A precária e inexistente rede de saúde pública, aonde se mata mais do que se salva, os elevados tributos que pagamos e não vemos seu retorno em serviços, a prática tão comum e entranhada em nós de que pequenas corrupções não são crimes, mas a corrupção vinda dos políticos, até porque são de bilhões é vista como grandes e hediondos crimes( as duas formas o são).
A Escola pública seja na esfera fundamental (município), mediana(estado) e superior(federal) se mostram um caos, tanto na estrutura física dos prédios escolares e universitários, como no descontentamento de seus professores, diretores e reitores, aliando aí, as práticas infernais de pressão para que nos livremos o quanto antes desses “inoportunos alunos”. O que colabora pra uma sociedade cada vez mais despolitizada e um professor cada vez mais desmotivado.
Lutas claras no campo e na cidade por falta de espaço para os camponeses e indígenas, já que tudo o tempo todo tem que ser para as elites dominantes. E nós não aglutinamos força, e  pior, não ganhamos as massas como alternativa a todo esse “lixo de esquerda que o PT se colocou”, e ainda nos sentimos no dever de protegê-los, já que apoiar um Fora Dilma, é o mesmo que dar um tiro no pé.
A verdadeira esquerda partidária, ou a esquerda sem partido, se vê numa grande sinuca de bico. Não se coloca como diferencial para as massas, e não pode romper com o governo, e acaba apanhando dos três lados(do governo, da polícia e da população).
Os erros crônicos da esquerda, que passa pelo seu próprio fracionismo ideológico e sedimenta nas discussões fechadas em ciclos que nunca chega a grande massa, faz com que façamos uma grande auto crítica. Se quisermos mesmo ser vanguarda, então que nos comportemos como vanguarda. É no povão, e para o povão que temos que lutar. E não adianta alijar esse povão das discussão, pois sem ele ficou claro, que não chegaremos a nenhum lugar.
A direita, aglutinada e com toda as formas de comunicação em seu poder, vai continuar nos ganhando, enquanto nós nos colocarmos como os acima e por cima de todos.
Nós SOMOS o POVO, e o POVO não nos vê porque não nos colocamos COMO POVO.

Por:Denise Oliveira, junho, 2013