segunda-feira, 11 de abril de 2016

Greve na Educação Estadual/2016



Alunos do C.E Pref. Mendes de Moraes/Ocupa Mendes


Depois do refluxo vivido após as manifestações populares de junho de 2013, a derrota na greve histórica da rede municipal e da rede estadual sem nenhum avanço, veio uma greve de vanguarda unificada entre estado e município do RJ,em 2014, aonde a rede municipal saiu bastante arrasada com descontos e perseguições políticas, e a rede estadual com apenas 9% de reajuste e muitos processados administrativos. O ano de 2015 foi de pura letargia.
Na letargia de 2015, com assembleias super esvaziadas, o governo cresceu, não deu o reajuste sobre a inflação anual e ainda parcelou a segunda metade do 13° salário dos profissionais de todas as categorias dos serviços públicos estaduais. Começou a tal da crise, que atingiu em cheio a saúde com hospitais fechando por falta de insumos. Estava sendo desnudada a privatização da saúde, através das Organizações sociais(OSs). As empresas terceirizadas,sem receber repasse do governo, começam a não pagar os funcionários. A UERJ, os hospitais e as escolas estaduais perdem os funcionários de limpeza, porteiro e merendeiras.
Inicia o ano de 2016, muita revolta por parte dos trabalhadores, que viram numa inflação galopante, seus salários minguarem, e é neste contexto, que a assembleia de 20/2/2016, deflagra a greve da rede estadual de educação no dia 02 de março de 2016. Até aí, esperávamos uma greve igual, com enfrentamentos com o braço armado do estado e o descaso do governo para com a nossa agonia em sobreviver.
Eis que tudo muda em 28/03/2016, com a primeira escola estadual a ser ocupada pelos alunos: 

Ocupa Guanabara
















Ocupa Baltar



Ocupa Cairu
C.E. Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador. A partir daí uma sucessão de ocupações tomam as escolas de todo estado do Rio de Janeiro. Desnudando toda sorte de descaso com a educação. A cada escola ocupada e administrada pelos alunos, vamos tomando conhecimento de material, livros, espaços como laboratórios e sala de informáticas sem uso, vamos conhecendo a raiz da tal crise na educação.
Hoje 11/04/2016 já estamos com 27 escolas ocupada, sendo que duas já privatizadas. A C.E. Chico Anysio, sob a tutela da Fundação Ayrton Senna e a C.E. Hispano Brasileiro João Cabral de Melo Neto, sob a tutela da embaixada espanhola. Essas duas escolas são as pérolas do reino, e com a ocupação virá a tona toda sorte de jogadas escusas no projeto de privatização da educação no Rio de Janeiro.

Ocupa Bacaxá- Faetec










Heitor Lira













Clóvis Monteiro
O secretário de educação, senhor Antonio Neto, formação acadêmica em sociologia, não consegue entender esse movimento social, pois está tomado pelo poder e o brilho que o dinheiro faz, ao embaçar mentes e corações. O senhor governador, Luiz Pezão se encontra enfermo, e seu vice Francisco Dorneles, não tem a menor ideia de como lidar com uma situação tão inovadora que põe em cheque  toda sorte de descaso com os filhos da classe trabalhadora.
Eu, enquanto professora de História da rede estadual de educação há 19 anos, com vasto currículo em greves, nunca vivi um momento tão especial como esse. Espero que o nosso sindicato, e que toda a nossa categoria, compre a luta junto a esses meninos e meninas guerreiros, que sabem o que querem, e não querem ser tratados como cidadãos de segunda categoria. São em sua maioria negra, moradores de comunidades, filhos de pedreiros e costureiras, desempregados e subempregados, comerciantes, zeladores, porteiros e empregadas domesticas, que brilhantemente lutam pela educação de qualidade, não só para o branco zona sul, para todos os jovens do estado do Rio de Janeiro.
Avante alunos, vocês me dão uma força enorme para continuar na luta...
E vamos OCUPAR TUDO!


Ocupa Euclides

Ocupa Gloria
















Por:Denise Oliveira/abril de 2016