terça-feira, 27 de setembro de 2011

Guerra Civil Espanhola- 1936/1939


                                                                        Introdução
A década de 1930, nasce sob o signo da crise do sistema capitalismo, durante toda década de 1920, viveu-se a euforia do pós guerra e a plenitude do liberalismo econômico. Nunca se produziu tanto de forma tão irresponsável como ao logo dos anos 20.
O resultado não poderia ser pior, já que a partir de 1922, a Europa retoma seu crescimento industrial, abalado nos anos de guerra. Dividindo com os E.U. A disputa de mercados. No final do ano de 1929, a crise de superprodução interna norte-americana, aliada a falta de escoamento de tanto produto, fez pipocar a grande depressão, ou a Crise de 1929.
É dentro deste marco de falência do Estado Liberal, que o mundo verá nascerem às ideologias totalitárias:Nazismo na Alemanha e o Fascismo na Itália. A falência do Estado Liberal, monitorara essas tendências de regime centralizado na figura de um ditador, que proporá o crescimento econômico através da expansão territorial, da perseguição político-ideológico e do desaparecimento de etnias indesejáveis.
Do outro lado, os trabalhadores resistindo a esse modelo arbitrário, e induzido pelo sonho socialista proposto pela Revolução Russa de 1917. É dentro desta disputa ideológica e alimentado pela crise financeira que surgirá na Espanha o movimento republicano, nascido dentro dos sindicatos e com forte tendência anarquista.
                                           Antecedentes da guerra
A Espanha ainda nos 30 vivia uma grande dicotomia histórica. Enquanto a Europa ocidental já possuía instituições políticas modernas, a mais de um século a Espanha se mantinha tradicionalista, governada pela chamada "trindade reacionária" (O Exército, a igreja católica e o Latifúndio), que tinha sua expressão última na monarquia de Afonso XIII. Vivia nostálgica do seu passado imperial grandioso, ao ponto de manter um excessivo número de generais e oficiais (um general para cada cem soldados, o maior percentual do mundo), em relação às suas reais necessidades.
A igreja, por sua vez, era herdeira do obscurantismo e da intolerância dos tribunais inquisitoriais do santo Oficio, era uma instituição que condenava a modernidade como obra do demônio, atrelada ao Estado monárquico, impunha sua vontade sequiciosa na manutenção do poder financeiro e político. E no campo, finalmente, existiam de 2 a 3 milhões de camponeses pobres, los braceros, submetidos às práticas feudais e dominados por uns 50 mil hidalgos, proprietário de metade das terras do país.
Como resultado da grave crise econômica de 1930 (iniciada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929), a ditadura do Gen. Primo de Rivera, apoiada pelo caciquismo (sistema eleitoral viciado que sempre dava seus votos ao governo), foi derrubada e, em seguida, caiu também à monarquia. O Rei Afonso XIII foi obrigado a exilar-se e proclamou-se a República em 1931, a chamada de "República de trabajadores".
A esperança era que a Espanha pudesse alinhar-se com seus vizinhos ocidentais e marchar para uma reforma modernizante que separasse Estado e Igreja e que introduzisse as grandes conquistas sociais e eleitorais recentes, além de garantir o pluralismo político e partidário e a liberdade de expressão e organização sindical. Mas o país terminou por conhecer um violento enfrentamento de classes, visto que à crise seguida por uma profunda depressão econômica, provocou frustração generalizada na sociedade espanhola.
Espanha durante o conflito
                                              A Organização Partidária Espanhola
As esquerdas, obedecendo a uma determinação da III Internacional Comunista (Komintern) controlada pela URSS, resolveram unir-se aos democratas e liberais radicais num Fronte Popular para ascender ao poder por meio de eleições. Para as Esquerdas, era preciso dar um basta ao avanço do fascismo que já havia conquistado Itália (em 1922), a Alemanha (em 1933) e a Áustria (em 1934). Segundo as decisões da Internacional Comunista, de 1935, elas deveriam aproximar-se dos partidos democráticos de classe média e formarem uma Frente Popular para enfrentar a maré de vitorias nazi-fascista. Desta forma Socialistas, Comunistas (estalinistas e trotskistas) Anarquistas e Democratas Liberais deveriam unir-se para chegar a inverter a tendência mundial favorável aos regimes ditatoriais.
As esquerdas espanholas estavam divididas em diversos partidos e organizações, entre as quais:
            PSOE (Partido Socialista Obreiro Espanhol) Socialistas
            PCE (Partido Comunista Espanhol) Comunistas
            POUM (Partido Obreiro da Unificação Marxista) Comunistas-trotsquistas
            UGT (União Geral dos Trabalhadores) Sindical Socialista
            CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) Sindical Anarquista
            FAI (Federação Anarquista Ibérica) Anarco-Sindicalista
Elas aliaram-se com os Republicanos (Ação Republicana e Esquerda Republicana) e mais alguns partidos autonomistas tais como: Esquerda Catalã, os Galegos e o Partido Nacional Basco. Essa coligação, venceu as eleições de fevereiro de 1936, dominando 60% das cadeiras do Parlamento Espanhol, elegendo o presidente Manuel Azaña. Derrotando a Frente Nacional.
A Direita, estava dividida na CEDA (Confederação das Direitas autônomas), no Partido Agrário, nos Monarquistas e Tradicionalistas e pelos Fascistas da Falange Espanhol,liderados por José Antônio.
Está dada aí a configuração que se baterá pelo poder , travando uma das mais sangrentas guerras do século XX. A Guerra Civil Espanhola.

Assassinato do poeta Garcia Lorca pelos falangistas
                   A Guerra Civil na Espanha - O golpe militar e a guerra civil
O clima de turbulência interna motivado pela intensificação da luta de classes, especialmente entre anarquistas e falangistas que provocou inúmeros assassinatos políticos contribui para criar uma situação de instabilidade que afetou o prestígio da Frente Popular. Provavelmente as desavenças internas dos integrantes da Frente Popular mais cedo ou mais tarde fariam com que o governo desandasse.
A direita acuada com a derrota eleitoral, pediu apoio político para a Alemanha nazista e ao governo fascista italiano. A direta espanhola estava entusiasmada com o sucesso de Hitler (esmagamento das esquerdas na Alemanha e a remilitarização da Renânia) que se somou ao golpe direitista de Dolfuss na Áustria, em 1934. Derrotados nas eleições os direitistas passaram a conspirar com os militares e a contar com o apoio dos regimes fascistas (Portugal, com Salazar, Alemanha com Hitler e a Itália de Mussolini). Esperavam que um levante dos quartéis, seguido de um pronunciamento dos generais, derrubariam facilmente a República.
No dia 18 de julho de 1936, o Gen. Francisco Franco, insurge o Exército contra o governo republicano. Porém nas principais cidades, como a Madri e Barcelona, o povo saiu às ruas e impediu o sucesso do golpe. Milícias anarquistas e socialistas foram então formadas para resistir ao golpe militar.
Foi neste contexto que o país ficou dividido em dois: a área nacionalista, dominado pelas forças do Gen. Franco e a área republicana, controlada pelos esquerdistas. Nas áreas republicanas ocorreu então uma radical revolução social. As terras foram coletivizadas, as fábricas dominadas pelos sindicatos, assim como os meios de comunicação. Em algumas localidades, os anarquistas chegaram até a abolir o dinheiro.
Em ambas as zonas matanças eram efetuadas através de fuzilamentos sumários. Padres, militares e proprietários era a vítima das milícias anarquistas, enquanto que sindicalistas, professores e esquerdistas em geral, eram abatidos pelos militares nacionalistas.
Ge, Franco, prepara o golpe contra a república espanhola
                                                        A intervenção Estrangeira
Como o golpe não teve o sucesso esperado, o conflito tornou-se uma guerra civil, com manobras militares clássicas. O lado nacionalista de Franco conseguiu imediato apoio dos nazistas (Divisão Condor, responsável pelo bombardeamento de Madri e de Guernica) e dos fascistas italianos (aviação e tropas de infantaria e blindados) enquanto que Stalin enviou material bélico e assessores militares para o lado republicano. Não podemos esquecer que estamos vivendo um período aonde as disputas ideológicas de direita (fascista) e esquerda (revolucionária) são reais, e que para a URSS, a vitória da esquerda espanhola seria de grande valia, dentro das configurações de força que o momento exigia.
A pior posição foi tomada pela França e a Inglaterra que optaram pela "Não-Intervenção". A Inglaterra e França, fizeram o papel de mortas durante toda a década de 1930, não moveram um só dedo ao crescimento e recrudescimento das ideologias nazi-fascistas, permitindo a expansão da Alemanha na Europa e as invasões italianas na África.
Mesmo assim, não foi possível evitar o engajamento de milhares de voluntários esquerdistas e comunistas que vieram de todas as partes (53 nacionalidades) para formar as Brigadas Internacionais (38 mil homens) para lutar pela defesa da República espanhola.



Exercíto Republicano













Milicianas defendendo a República, as mulheres na guerra




















Embarque da Legião Estrangeira para defender a Reública Espanhola












                                                     Guernica: um episódio à parte
Acuados, mas não vencidos, os nacionalistas decidiram reconfigurar sua estratégia de ataque por meio da conquista de locais menos protegidos do território espanhol. Dessa forma, achara melhor iniciar suas novas campanhas militares com a organização de ataques à região norte do país. Com isso, a cidade de Guernica, núcleo urbano basco que concentrava seis mil habitantes e nenhuma proteção oficial, acabou escolhida para um dos mais temíveis ataques aéreos do século XX.
Historicamente, essa pequena cidade foi grande referência dos acontecimentos históricos e políticos que salientavam a diferenciação entre os bascos e os espanhóis. Em 1936, quando os conflitos da Guerra Civil Espanhola tomavam seus primeiros passos, o próprio governo espanhol decidiu oficializar a completa autonomia política dos bascos. Desta forma, os nacionalistas passaram a considerar a região basca como um foco de traidores da causa capitaneada pelo gen. Franco.
Para concretizar a retaliação aos bascos, os nacionalistas contaram com o expresso apoio político e bélico dos nazi-fascistas. A aproximação desses líderes se deve aos ideais partilhados, e, especialmente, pelo interesse ítalo-alemão em testar a tecnologia bélica que seria utilizada num futuro bem próximo: a Segunda Guerra Mundial. De acordo com os registros, o ataque aéreo a Guernica teria sido planejado por Wolfram Von Richthofen, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas alemãs.
A primeira ação aconteceu durante o sobrevoo do bombardeiro Dornier Do-17, popularmente conhecido como “lápis voador” em razão de suas dimensões estreitas. Em sua investida, essa aeronave lançou uma dúzia de bombas que atingiram a região central da cidade. Logo em seguida, um trio de Savoias-79 cruzou os céus de Guernica lançando mais trinta e seis bombas. Entre as 16 e 18 horas daquele mesmo dia, três aviões Heinkel-111 despejaram mais uma saraivada de explosivos.
Esse seria apenas o começo de uma terrível tragédia. Três esquadrões de Junkers-52 carregados com explosivos de até 250 quilos e bombas incendiárias realizaram uma ofensiva ainda pior. Outros caças menores realizavam voos de baixa altitude disparando suas metralhadoras contra a população civil. Nas três horas subsequentes, quarenta aeronaves participaram dessa terrível ação militar.
Inicialmente, estarrecidos pela brutalidade do evento, alguns jornais chegaram a divulgar um contingente de 1.600 vítimas fatais. Contudo, pesquisas recentes revisionaram as estatísticas do conflito, e hoje trabalham com um número aproximado de 200 mortos. Evidentemente, a divulgação do episódio e a tela homônima do afamado pintor Pablo Picasso, foram responsáveis pela popularização do bombardeio em Guernica, que durante a ditadura espanhola não podia ser relembrado por nenhum cidadão.



Cidade de Guernica após bombardeio










Guernica



















Os órfãos de Guernica
                                                   A crise entre as esquerdas
A III Internacional Comunista, tinha verdadeiro pavor a democracias de esquerda, dentro deste contexto, Stalin temia que a revolução social desencadeada pelos anarquistas e trotsquistas o levasse a assumir o poder na República. Ordenou então que o PC espanhol comandasse a supressão das milícias (que seriam absorvidas por um exército regular) e um expurgo no POUM (uma pequena organização pró-trotsquista). O que foi feito em maio de 1937.
Para os anarquistas e outros críticos de Extrema Esquerda, boa parte da culpa da derrota do campo republicano espanhol pode ser creditada à política de Josef Stalin, que, desejoso da vitória da República, mas temendo que esta vitória levasse a uma revolução socialista na Espanha que criasse complicações diplomáticas à União Soviética ,pois um "Outubro Espanhol" criaria uma divisão ideológica na Europa Ocidental que atuaria contra a política de uma Frente Popular antifascista que era o grande objetivo de Stalin na época . Foi capaz apenas de realizar uma ajuda militar tímida, pelo envio de alguns militares, aviões e armas (por estas exportações de armas, Stalin cobrou o pagamento com a reserva de ouro do Banco Central Espanhol.
Segundo este ponto de vista, instalou na Espanha uma série de agentes da sua polícia secreta, o GPU, que desencadeou uma política de repressões indiscriminadas contra militantes de Extrema Esquerda, anarquistas e trotskistas, visando conter a Guerra Civil dentro de um marco democrático-liberal. O ponto alto destas repressões foi a prisão e morte sob tortura de Andreu Nin, dirigente catalão do semi-trotskista militante do POUM (Partido Operário de Unificação Marxista).Stalin ainda encarcerou e matou como traidores os executantes desta política (tais como o velho bolchevique Antonov-Ovssenko, que havia comandado em 1917 a tomada do Palácio de Inverno do czar em São Petersburgo, quando este retornou à URSS, de modo a impedir o questionamento de sua política na Espanha.
E Isaac Deutscher sumariza: ao tentar preservar a respeitabilidade burguesa da Espanha republicana, sem querer antagonizar as democracias liberais européias, Stalin não preservou nada e antagonizou a todos: a causa da revolução socialista foi perdida, sem que a Direita européia, por um momento sequer, deixasse de ver em Stalin o agitador revolucionário.
Essa divisão íntima das esquerdas, dirigida pelo PCURSS entre pró-revolução e pró-república, debilitou ainda mais as possibilidades defensivas do governo republicano.
É claro que a traição do Partido Comunista Soviético e do servilismo do Partido Comunista Espanhol contribuíram para a vitória da direita, pois enquanto houver divisões e rachas na disputa ideológica de esquerda (stalinistas X outras formas de pensar, não só a trotskista, mas também a anarquista, a socialista e outras) à direita, que tem seus ideias muito bem fechados levará a melhor. Sempre foi assim, e assim será enquanto não houver uma conscientização real das esquerdas, sobre quem é realmente o inimigo da classe trabalhadora: a burguesia.

Auguste Cellesti Ossí, batalhas de rua


























Vítimas dos Bombardeios- Auguste Ossí








População civil na guerra- Auguste Ossi
Republicano morto em batalha- Roberto Cappa
                                                A Questão religiosa na Guerra Civil
O papel da Igreja Católica na Europa, desde a Idade Média, era de controle social e político total. A Igreja sempre fez parte do coro de sustentação ao poder, e na Espanha não foi diferente. Uma das Inquisições mais fortes da Europa, estava fincada na Espanha. E a Igreja se beneficiava dentro do contexto da “Trindade Reacionária” que esteve no poder até as eleições de 1936. Nada mais justo, que durante o governo popular de Azaña, a Igreja fosse rechaçada com força brutal pelo povo que sempre se sentiu oprimido por ela e seus dogmas.
A esquerda, na Espanha, tinha, desde os inícios do século XIX, sido violentamente anticlerical; entre os anarquistas, muito influentes na esquerda espanhola, o anticlericalismo havia sido sempre particularmente agressivo, ao contrário dos socialistas marxistas. Na medida em que a Guerra Civil se desenrolou a identificação da Igreja com a Direita determinou o anticlericalismo da Esquerda na sua generalidade:
Em 14 de Outubro de 1931, no jornal El Sol, do então primeiro-ministro Manuel Azaña equiparara a proclamação da República ao fim da Espanha católica, e durante a Guerra Civil, como Presidente da República, pronunciou em um de seus discursos, que preferia ver todas as igrejas de Espanha incendiadas a ver uma só cabeça republicana ferida. O radical catalão Alejandro Leroux, teria conclamado a juventude a destruir igrejas, rasgar os véus das noviças e "elevá-las à condição de mães".
A perseguição anticatólica durante a Guerra Civil apenas continuou um padrão já existente: nos quatro meses que precederam a guerra civil , 160 igrejas foram incendiadas. Durante a Guerra, pelas mãos republicanas, segundo o historiador Hugh Thomas, foram mortos 6.861 religiosos católicos (12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras, 2.363 monges); uma obra mais recente, de Anthony Beevor, dá números muito semelhantes (13 bispos, 4.184 padres seculares, 283 freiras, 2.365 monges).
De acordo com o artigo espanhol, foram destruídas por volta de 20.000 igrejas, com perdas culturais incalculáveis pela destruição concomitante de retábulos, imagens e arquivos.
Nota-se, no entanto, que os mesmos bispos espanhóis, numa carta de 11 de Julho do mesmo ano de 1937, mostraram-se ciosos em desmentir à opinião católica liberal, que via na intransigência conservadora do clero espanhol a razão das perseguições por ele sofridas, argumentando que a Constituição republicana de 1931 e todas as leis subsequentes haviam dirigido a história da Espanha num rumo contrário à sua identidade nacional, fundada no Catolicismo, nas palavras do Cardeal Segura y Sáenz: na Espanha ou se é católico ou não se é nada.
Por outro lado, o escritor e filósofo católico francês Jacques Maritain protestou violentamente contra as repressões franquistas contra o clero basco, e teria dito que "a Guerra Santa, mais do que ao infiel, odeia ardentemente os crentes que não a servem".
Na verdade a identificação da Igreja com a Direita determinou o anticlericalismo da esquerda espanhola na sua totalidade

Igrejas destruídas pelos republicanos
                                                                 O fim da guerra
A superioridade militar do Gen. Franco, a unidade que conseguiu impor sobre as direitas, foi fator decisivo na sua vitória sobre a República. Em 1938, suas forças cortam a Espanha em duas partes, isolando a Catalunha do resto do país. Em janeiro de 1939, as tropas do gen. Franco entram em Barcelona e, no dia 28 de março, Madri se rende aos militares depois de ter resistido a poderosos ataques (aéreos, de blindados e de tropas de infantarias), por quase três anos.
Pouco a pouco, o exército nacionalista, bem equipado e disciplinado, foi se impondo aos republicanos, que não foram auxiliados pelas democracias ocidentais, entre elas a França e a Inglaterra, além de terem sido traídos pela URSS.
A última contra-ofensiva em novembro de 1939, com a derrota dos republicanos, marcou a rendição dos esquerdistas, que se renderam no dia 01 de abril de 1939.
A essa derrota seguiu-se de uma cruel repressão do regime de Franco, que fuzilou cerca de 50.000 republicanos.
O "Blitzkrieg" - ofensiva relâmpago com blindados - foi um dos métodos de ataque aperfeiçoados na Espanha pelas forças estrangeiras presentes no conflito, e foram largamente usados na II Guerra.
As baixas da Guerra Civil oscilam entre 330 a 405 mil mortos, sendo que apenas 1/3 ocorreu na guerra. Meio milhões de prédios foram destruídos parcial ou inteiramente e perdeu-se quase metade do gado espanhol. A renda per capita reduziu-se em 30% e fez com que a Espanha afundasse numa estagnação econômica que se prolongou por quase trinta anos.


Execuções sumárias na vitória falangista

                                                   




                          


                       


Mapa da espanha pós vitória falagista

Nota do Gen. Franco divulgada na imprensa após derrota republicana




















                                                   O Brasil na Guerra Civil Espanhola
Logicamente, num Estado como o Brasil, onde os movimentos pendulares de esquerda/direita oscilaram com freqüência e força, o efeito de situações semelhantes no exterior teria que produzir impactos. Assim mesmo, antes do estabelecimento da ditadura do Estado Novo, o terrorismo de direita já inibia qualquer iniciativa brasileira que se afigurasse como apoio à esquerda. Dada a não existência expressiva de imigrantes espanhóis como noticiadores dos atos republicanos, restava à grande imprensa e às instituições comprometidas com ideários afinados com o governo motivar e controlar qualquer divulgação.
O Estado oficial brasileiro era claramente interessado em promover a versão da Guerra como ‘caos’ resultado da democracia desordenada decorrente das eleições e do regime republicano. Nada mais oportuno que a exemplificação imediata da Espanha. Neste sentido, aliás, atuaram as máquinas propagandísticas da direita que já estavam funcionando a todo vapor desde o chamado biênio negro espanhol (1934/1936).
Na mesma linha política, todo um serviço saneador de propaganda insistia, sobretudo através do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), Vendia a imagem de caos republicano esquerdista vivido na Espanha. Isto valia para a política autoritária brasileira como um sinônimo da vontade governante, acima da Constituição e dos direitos civis suspensos em 1930 e, depois, em 1934, e novamente em 1937. Elaborou-se, então, no Brasil uma engenharia noticiosa que reorganizou as informações, instruindo-as com teor ideológico, montada para fomentar a idéia de que as esquerdas, em qualquer lugar do mundo, eram inconseqüentes e desastrosas. Depois de afogado o ‘movimento comunista’ do Rio de Janeiro de 1935, o exemplo espanhol serviria para o governo de Vargas reforçasse suas teses autoritárias, e, neste cenário, poderia atuar como juiz, evitando que ocorressem no Brasil um desastre social como o da Guerra Espanhola.
Estava proibido o apoio aos republicanos. Além do governo, a grande imprensa também se situava e, logicamente, ainda que nem sempre respondendo como porta-voz único do Estado, em essência concordava com os posicionamentos da direita. Numa época em que os meios de comunicação internacional estavam organizados em cadeias e que o Brasil se colocava como país de certa importância no contexto econômico mundial, havia um envolvimento global interessado em mantê-lo como parte de um todo mais amplo, até em nível do noticiário. Grandes jornais, como O Estado de São Paulo, então o mais importante do país, mantinham compromisso coerente com a posição do governo no tocante ao apoio às direitas mas dentro de um projeto próprio, variante do governo., que o levou por várias vezes a sofrer censura em suas matérias.
Com os jornais censurados, com o controle da produção artística exercido pelo Estado que atuava diretamente no resultado dos trabalhos, restava aos intelectuais à imaginação para materializar formas de solidariedade. A poesia foi o gênero mais freqüentado pelos artistas, que se manifestaram a favor da Espanha republicana. Logicamente, o espaço da oposição se fazia mais importante, porque significava um duplo protesto: protesto contra a ditadura brasileira e oposição ao fascismo.
Como ninguém, Manuel Bandeira foi o escritor que mais se destacou pela influência política que exercia sobre os jovens. Em sua poesia havia referências ousadas em favor da Espanha republicana. Existe um poema em que estão explicitamente expressas duas referências fundamentais. Bandeira inicia o verso: No vosso e em meu coração mencionando Neruda e termina com Lorca,dizendo:
" Espanha no coração / No coração de Neruda, / No vosso e em meu coração. / Espanha da liberdade, / Não a Espanha da opressão / ...A Espanha de Franco, não! / Espanha republicana, / Noiva da revolução!/Espanha atual de Picasso, / De Casals, de Lorca / Irmão Assassinado em Granada! /Espanha no coração.”
Bibliografia:

BEEVOR,Antony. A Batalha Pela Espanha;Ed. Record;RJ;2006
MATHEUS, Herbert. Metade da Espanha Morreu;civ. Bras;RJ,1975
http://wwwhistoria.portugal.blogspot.com/
http://www.educacaoterra.com.br/
Fotografias: Roberto Capa e Auguste Celleste Ossí (fotógrafos que cobriram as principais batalhas entre 1936/1939)
Filme: Terra e Liberdade; produção: Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália, 1995


Guerra Civil Espanhola-Prelúdio da Tragédia 1/6

Guerra Civil Espanhola-Pelúdio daTragédia 2/6


Documentário espanhol sobre a Guerra 1936/1939

Por: Denise Oliveira- Setembro/2011

sábado, 17 de setembro de 2011

A Comuna de Paris

Cartaz da Comuna de Paris Março/Maio 1871
Introdução

Não pretendo fazer um trabalho profundo sobre os 140 anos da Comuna de Paris, não sou muito afeita a História Geral, gosto mais de escrever sobre a História do Brasil. Porém, não poderia deixar passar esse episódio tão importante na luta de classes, ocorrido em plena Revolução Industrial, primeira experiência concreta dos trabalhadores em tomar o poder, e com Karl Marx ainda vivo, atuando e elaborando melhorias nas suas teorias, sobre a luta dos explorados e excluídos do sistema.
A grande maioria das pessoas pensa que a Europa sempre foi o paraíso sobre a terra, e que sempre houve muito respeito entre patrões e empregados. Enganam-se, pois durante o auge da Revolução Industrial, surgida na Inglaterra nos finais do século XVIII e XIX, a exploração da massa trabalhadora, engolida pela máquina e a concentração de renda nas mãos dos capitalistas, levaram em muito o desespero da fome, doenças e criminalidade entre o proletariado. A Comuna de Paris, será a primeira resposta efetiva de luta dos trabalhadores contra esse estado de miséria latente, ao qual eram empurrados, na ânsia de satisfazer mais e mais o grande capital.

A França de Napoleão III

Carlos Luís Napoleão Bonaparte nasceu em Paris em 20 de Abril de 1808. Era o terceiro e último filho do Rei Luís e da Rainha Hortense da Holanda; era também sobrinho de Napoleão I. A família Bonaparte tinha sido expulsa de França após a queda do seu tio; assim Luís Napoleão cresceu e foi educado na Suíça e na Baviera. Educou-se sob os valores do mito Napoleônico e incentivado pela mãe a reconquistar o poder da família, escreve uma série de textos e tratados, formulando um programa político apresentando-se como um liberal, especialista militar e defensor da industrialização.
Após a revolução que levou à queda do rei Luís Filipe em Fevereiro de 1848, Luís Napoleão regressa a França e lança-se de novo na arena política ao apresentar-se como candidato à presidência da nova república francesa. O nome e a nostalgia da era napoleônica ajudam-no a vencer as eleições com uma grande maioria de votos. O limite do mandato de presidente e uma vitória monárquica nas eleições legislativas acabam por lhe condicionar a sua ação política; resolve esse problema com um golpe de estado em 2 de Dezembro de 1851, assumindo poderes ditatoriais e alargando o período do seu mandato.
A partir do final dos anos 50 e início dos anos 60, entre as bases de apoio de Napoleão, começam a surgir queixas, questionamentos a sua política,mas não ao regime; estes desacordos nas cúpulas facilitam o renascimento de oposições, tanto republicanas como socialistas, que o Imperador procura esvaziar com algumas semi-medidas de cunho liberais.No decorrer dos anos 60, as dificuldades crescem no terreno econômico. Na política externa e militar, acontecem reveses na Itália e no México; o Império já deixou de ser o regime da paz. Primeira grande onda de greves em 1864, ano de outras semi-medidas liberais;entre as quais: o reconhecimento do direito de coalizão; o direito de reunião será reconhecido apenas em 1868. Cresce a oposição liberal e republicana; cresce também, mas em outro compasso, menos impetuoso a organização do movimento operário, apoiando-se, inclusive, embora na Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT-A Internacional), fundada em 1864, em Londres. Em 1867, nova grande onda de greves, que se repete em 1869-70. Nas eleições de maio de 1869, as oposições conseguem obter mais de 40% dos votos: uma autêntica vitória, celebrada com manifestações em Paris. Novas medidas liberais de Napoleão III, em 6 de setembro, são aumentados os poderes das duas Assembléias, que também negociam a formação de um novo governo, dirigido pelo ex-oposicionista moderado Émile Ollivier; este assume em 2 de janeiro de 1870. Em 10 de janeiro, Victor Noir, jornalista do La Marseillaise, o periódico dos republicanos mais radicais, é assassinado pelo príncipe Pierre Bonaparte, primo do Imperador; uma multidão de duzentas, mil pessoas comparece a seu enterro: uma imponente manifestação política.
Procurando retomar a iniciativa, Napoleão III decide antecipar-se. Em março de 1870, anuncia uma profunda reforma constitucional; concedida em abril, esta transforma o regime numa espécie de monarquia parlamentar. O novo curso liberal do regime não o impede, de recorrer à repressão:ainda em abril, sob o pretexto de controlar supostos "complôs", o governo manda prender e processar todos os membros da Internacional na França. Em 8 de maio, as reformas são submetidas a um plebiscito com esmagadora vitória para o governo. As oposições ficam desnorteadas.

A Guerra Franco Prussiana

Desde 1864, vinham se deteriorando as relações entre os governos da Prússia e da França, em decorrência da política de unidade alemã desenvolvida por Otto Von Bismarck e das mal sucedidas tentativas de Napoleão III de obter dele algumas vantagens territoriais. Finalmente, por ocasião da sucessão ao trono da Espanha, Bismarck monta uma armadilha, na qual Napoleão apressa-se em cair: apesar dos alertas de vários setores, burgueses e operários, o governo francês declara guerra à Prússia, em julho de 1870. Apoiada pela imprensa, cujo lema é "a Berlim!", a decisão recebe um amplo apoio da opinião pública, provoca cenas entusiásticas de nacionalismo popular, inclusive nos setores do movimento operário.
Em agosto, os embates começam. A superioridade do armamento, do treinamento e do comando da tropa prussiana não demora para comprovar-se. Os erros franceses levam a uma sucessão de derrotas, que leva à derrubada de Ollivier e de seu ministério, sacrificados como bodes expiatórios. Em 1º de setembro, começa a Batalha de Sedan que, no dia 2, termina em capitulação francesa, incondicional; as cifras do desastre: três mil mortos, 14 mil feridos, mais de oitenta mil prisioneiros, entre os quais 39 generais e o próprio Imperador. A derrota de Sedan implicaria mais tarde, a perda do exército refugiado em Metz e o sítio de Paris.
A notícia do desastre de Sedan levanta a população de Paris que, no dia 4, invade a Câmara, exigindo a queda do regime; sob a pressão popular, o Império é derrubado, a República proclamada e formado um Governo de Defesa Nacional. A guerra, poderosa incubadora , deu cria à revolução, época em que os desejos políticos e sociais precipitam-se violentamente.



Batalha de Sedan-Derrota final francesa
A Comuna de Paris

Comuna de Paris é o nome dado à primeira experiência histórica de um governo proletário, ocorrida entre março e maio de 1871, na França. O movimento que levou à formação da comuna, entretanto, contou com a participação de outros extratos e segmentos político-sociais, como a pequena burguesia francesa, membros da Guarda Nacional e partidários do regime republicano, proclamado logo após a derrota francesa na guerra.
A vitória prussiana impôs uma séria de obrigações aos franceses, por parte do Tratado de Frankfurt: a perda dos ricos território de minério de Alsácia-Lorena, pagamento de pesadas indenizações, ocupação da França por tropas prussianas e inúmeros presos de guerra.
Foi neste período que, submetidos à fome, à miséria e à humilhação, milhares de trabalhadores franceses se organizaram em uma grande rebelião. Tomando a cidade de Paris em março de 1871 e instaurando um governo popular denominado Comuna de Paris.

A Tomada de Paris


À dissolução do Exército seguiu-se a tentativa de Adolphe Thiers , líder do governo republicano de desmilitarizar a Guarda Nacional. Mas seus integrantes resistiram em entregar os canhões ao governo, chegando até mesmo a atacar o Hôtel de Ville, sede do governo provisório, levando seus membros a fugir para Versalhes. Paris ficou, então, sem comando político.
No vazio deixado pelo governo e em meio a uma correlação heterogênea de forças, formou-se a Comuna de Paris. Influenciado pelas idéias socialistas, o governo proletário instituído em 1871 tomou uma série de medidas no sentido de formar um poder democrático e popular. Dentre elas, pode-se destacar a abolição do trabalho noturno, a redução da jornada de trabalho, a concessão de pensão a viúvas e órfãos, a substituição dos antigos ministérios por comissões eletivas e a separação entre Igreja e Estado. Havia a expectativa de que o movimento pudesse juntar-se às comunas formadas em Marselha e Lyon, mas sua derrota ajudou a isolar ainda mais a experiência do governo proletário em Paris.
O governo da Comuna de Paris era composto de anarquistas, socialistas e liberais radicais, que concordavam em não obedecer o governo francês, instalado no Palácio de Versalhes.
Em abril de 1871, o governo da Comuna divulgou um manifesto convocando todos os trabalhadores da França a aderirem a Comuna, criando uma federação de comunas. Os objetivos eram:

• Criar um estado de trabalhadores, formado por uma federação de comunas livres e autônomas;
• Eleger, pelo voto dos trabalhadores, os funcionários de Estado, que poderiam perder seus cargos a qualquer medida impopular;
• Substituição do Exército por milícias populares;
• Congelar preços dos alimentos e aluguéis;
• Criação de creches e escolas para os filhos dos trabalhadores;
• Estabelecer que o Estado deveria voltar suas ações em favor de melhoria nas condições de vida dos trabalhadores.

A Tomada de Paris pelos comunardos-1871





Algumas medidas adotadas durante os 72 dias da Comuna de Paris
Em semanas, a Comuna de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores combinados:

1. O trabalho noturno foi abolido;

2. Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas;

3. Residências vazias foram desapropriadas e ocupadas;

4. Em cada residência oficial foi instalado um comitê para organizar a ocupação de moradias;

5. Todos os descontos em salário foram abolidos;

6. A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas;

7. Os sindicatos foram legalizados;

8. Instituiu-se a igualdade entre os sexos;

9. Projetou-se a autogestão das fábricas;

10. O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos;

11. Testamentos, doações e a contratação de advogados tornaram-se gratuitos;

12. O casamento tornou-se gratuito e simplificado;

13. A pena de morte foi abolida;

14. O cargo de juiz tornou-se eletivo;

15. O calendário revolucionário foi novamente adotado;

16. O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado;

17. A educação tornou-se gratuita, secular, e compulsória. Escolas noturnas foram criadas e todas as escolas passaram a ser de sexo misto;

18. Imagens santas foram derretidas e sociedades de discussão foram adotadas nas Igrejas;

19. A Igreja de Brea, erguida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848 foi demolida. O confessionário de Luís XVI e a coluna Vendome também;

20. A Bandeira Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da Humanidade;

21. O internacionalismo foi posto em prática: o fato de ser estrangeiro tornou-se irrelevante. Os integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, polacos, húngaros;

22. Instituiu-se um escritório central de imprensa;

23. Emitiu-se um apelo à Associação Internacional dos Trabalhadores;

24. O serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos;

25. Todas as finanças foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência pública e os telégrafos;

26. Havia um plano para a rotação de trabalhadores;

27. Considerou-se instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a atual ENA francesa é uma cópia;

28. Os artistas passaram a autogestionar os teatros e editoras;

29. O salário dos professor foi duplicado.


A Derrota da Comuna de Paris

Em parte, a limitação geográfica do governo comunal facilitou a vitória de Thiers. Ao mesmo tempo, devemos somar a isso outros fatores: as divisões políticas dentro do movimento, o fato de o governo formado em Paris não ter atacado Versalhes e a ausência de um comando militar suficientemente preparado para uma eventual invasão.
Com o apoio dos alemães e da burguesia tradicional, o governo de Adolpho Thiers conseguiu reunir um exército para destruir a Comuna, na chamada Semana Sangrenta.
Enquanto medidas democráticas eram tomadas em Paris, Thiers negociava com a Prússia, em Versalhes, uma aliança para derrotar o governo comunal. Em troca de concessões da França, Bismarck libertou presos de guerra para que pudessem ajudar no cerco à cidade. Assim, em maio de 1871, mais de 100 mil soldados invadiram Paris. Com um saldo de 20 mil mortos, do lado parisiense, 400 mil pessoas foram presas e exiladas na Guiana Francesa.
A Comuna de Paris foi considerada a primeira experiência de tomada de poder pelos trabalhadores, na tentativa de um governo socialista. A Comuna de Paris durou 72 dias. Saudando os comunardos, Marx disse que ousaram "tomar o céu de assalto".
O que só ocorreria com sucesso, em 1917, na Rússia, pós Revolução Bolchevique de Outubro.



A  Resistência



A Derrota da Comuna: os mortos






Bibliografia:

COTRIM,Gilberto: A História Global- Brasil e Geral;editora Saraiva;SP 2010
http://www.mundoeducação.uol.com.br/
http://www.olhonahistoria.ufba.br/
http://www.diarioliberdade.org/
http://anarquinfo.blogspot.com/

Por: Denise Oliveira/setembro,2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A Matemática Macrabra do 11 de Setembro

Classificado em Internacional - Imperialismo

Crédito: Carta Maior
Marco Aurélio Weissheimer












A resposta dos EUA ao ataque contra o World Trade Center engendrou duas novas guerras e uma contabilidade macabra. Para vingar as mais de 2.900 vítimas do ataque, algumas centenas de milhares de pessoas foram mortas. Para cada vítima do 11 de setembro, algumas dezenas (na estatística mais conservadora) ou centenas de pessoas perderam suas vidas. Mas essa história não se resume a mortes. A invasão do Iraque rendeu bilhões de dólares a empresas norteamericanas. Essa matemática macabra aparece também no 11 de setembro de 1973. O golpe de Pinochet provocou 40 mil vítimas e gordos lucros para os amigos do ditador e para ele próprio: US$ 27 milhões, só em contas secretas.
O mundo se tornou um lugar mais seguro, dez anos depois dos atentados de 11 de setembro e da “guerra ao terror” promovida pelos Estados Unidos para se vingar do ataque? A resposta de Washington ao ataque contra o World Trade Center e o Pentágono engendrou duas novas guerras – no Iraque e no Afeganistão – e uma contabilidade macabra. Para vingar as mais de 2.900 vítimas do ataque, mais de 900 mil pessoas já teriam perdido suas vidas até hoje. Os números são do site Unknown News, que fornece uma estatística detalhada do número de mortos nas guerras nos dois países, distinguindo vítimas civis de militares. A organização Iraq Body Count, que usa uma metodologia diferente, tem uma estatística mais conservadora em relação ao Iraque: 111.937 civis mortos somente no Iraque.
Seja como for, a matemática da vingança é assustadora: para cada vítima do 11 de setembro, algumas dezenas (na estatística mais conservadora) ou centenas de pessoas perderam suas vidas. Em qualquer um dos casos, a reação aos atentados supera de longe a prática adotada pelo exército nazista nos territórios ocupados durante a Segunda Guerra Mundial: executar dez civis para cada soldado alemão morto. Na madrugada do dia 2 de maio, quando anunciou oficialmente que Osama Bin Laden tinha sido morto, no Paquistão, por um comando especial dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama afirmou que a justiça tinha sido feita. O conceito de justiça aplicado aqui torna a Lei do Talião um instrumento conservadora. As palavras do presidente Obama foram as seguintes:
"Foi feita justiça. Nesta noite, tenho condições de dizer aos americanos e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama Bin Laden, o líder da Al Qaeda e terrorista responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças."
O conceito de justiça usado por Obama autoriza, portanto, a que iraquianos e afegãos lancem ataques contra os responsáveis pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças. E provoquem outras milhares de mortes. E assim por diante até que não haja mais ninguém para ser morto. A superação da Lei do Talião, cabe lembrar, foi considerada um avanço civilizatório justamente por colocar um fim neste ciclo perpétuo de morte e vingança. A ideia é que a justiça tem que ser um pouco mais do que isso.

Nem tudo é dor e sofrimento


Mas a história dos dez anos do 11 de setembro não se resume a mortes, dores e sofrimentos. Há a história dos lucros também. Gordos lucros. Uma ótima crônica dessa história é o documentário “Iraque à venda. Os lucros da guerra”, de Robert Greenwald (2006), que mostra como a invasão do Iraque deu lugar à guerra mais privatizada da história: serviços de alimentação, escritório, lavanderia, transporte, segurança privada, engenharia, construção, logística, treinamento policial, vigilância aérea...a lista é longa. O segundo maior contingente de soldados, após as tropas do exército dos EUA, foi formado por 20 mil militares privados. Greenwald baseia-se nas investigações realizadas pelo deputado Henry Waxman que dirigiu uma Comissão de Investigação sobre o gasto público no Iraque.
Parte dessa história é bem conhecida. A Halliburton, ligada ao então vice-presidente Dick Cheney, recebeu cerca de US$ 13,6 bilhões para “trabalhos de reconstrução e apoio às tropas. A Parsons ganhou US$ 5,3 bilhões em sérvios de engenharia e construção. A Dyn Corp. faturou US$ 1,9 bilhões com o treinamento de policias. A Blackwater abocanhou US$ 21 milhões, somente com o serviço de segurança privada do então “pró-Cônsul” dos EUA no Iraque, Paul Bremer. Essa lista também é extensa e os números reais envolvidos nestes negócios até hoje não são bem conhecidos. A indústria da “reconstrução” do Iraque foi alimentada com muito sangue, de várias nacionalidades. Os soldados norte-americanos entraram com sua quota. Até 1° de setembro deste ano, o número de vítimas fatais entre os militares dos EUA é quase o dobro do de vítimas do 11 de setembro: 4.474. Somando os soldados mortos no Afeganistão, esse número chega a 6.200.
A matemática macabra envolvendo o 11 de setembro e os Estados Unidos manifesta-se mais uma vez quando voltamos a 1973, quando Washington apoiou ativamente o golpe militar que derrubou e assassinou o presidente do Chile, Salvador Allende. Em agosto deste ano, o governo chileno anunciou uma nova estatística de vítimas da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990): entre vítimas de tortura, desaparecidos e mortos, 40 mil pessoas, 14 vezes mais do que o número de vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001. Relembrando as palavras do presidente Obama e seu peculiar conceito de justiça, os chilenos estariam autorizados a caçar e matar os responsáveis pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças.
Assim como no Iraque, nem tudo foi morte, dor e sofrimento na ditadura chilena. Com a chancela da Casa Branca e a inspiração do economista Milton Friedman e seus Chicago Boy’s, Pinochet garantiu gordos lucros para seus aliados e para si mesmo também. Investigadores internacionais revelaram, em 2004, que Pinochet movimentava, desde 1994, contas secretas em bancos do exterior no valor de até US$ 27 milhões. Segundo um relatório de uma comissão do Senado dos EUA, divulgado em 2005, Pinochet manteve elos profundos com organismos financeiros norte-americanos, como o Riggs Bank, uma instituição de Washington, além de outras oito que operavam nos EUA e em outros países. Segundo o mesmo relatório, o Riggs Bank e o Citigroup mantiveram laços com o ditador chileno durante duas décadas pelo menos. Pinochet, amigos e familiares mantiveram pelo menos US$ 9 milhões em contas secretas nestes bancos.
Em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiou a Dina, polícia secreta chilena, durante a ditadura, acusou Pinochet e o filho deste, Marco Antonio, de envolvimento na produção clandestina de armas químicas e biológicas e no tráfico de cocaína. Segundo Contreras, boa parte da fortuna de Pinochet veio daí.
Liberdade, Justiça, Segurança: essas foram algumas das principais palavras que justificaram essas políticas. O modelo imposto por Pinochet no Chile era apontado como modelo para a América Latina. Os Estados Unidos seguem se apresentando como guardiões da liberdade e da democracia. E pessoas seguem sendo mortas diariamente no Iraque e no Afeganistão para saciar uma sede que há muito tempo deixou de ser de vingança.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18435


*Artigo publicado originalmente na página do Partido Comunista Brasileiro

Ataque Terrorista de 11 de Setembro 2001/2011 Dez Anos

Muito se tem discutido sobre a verdade dos "Atentados Terroristas" do 11.09.2001.
Cada vez mais, fica claro o quanto a mão pesada do governo Bush e dos capitalistas de plantão norte-americanos, estão por trás deste triste episódio. Muitos preferem não acreditar, que o próprio governo, por conta de manobras excusas, mataram  seus próprios cidadãos.
A Verdade, é que há muita coisa mal explicada e outras tantas ocultas da opinião pública. Após os atentados, os E.U.A, interviram e ainda intervem em países ricos em recursos naturais, sob o pretexto de combater terroristas. Mas afinal, que implanta o terror no mundo? Será mesmo a Al-Quaeda,o Talibã, o Hisbolla...ou Israel - E.U.A?
Me parece a segunda opção muito mais viável, sob tudo que nossos vãs olhos são capazes de ver.
Bom filme...parece horrível, mas a verdade é sempre necessária, por pior que pareça!



Postado por Denise Oliveira 13.09.2011