terça-feira, 31 de dezembro de 2013

ADEUS 2013? 2013, ADEUS, JAMAIS!






O ano de 2013 começou em 20 de abril de 2012, numa passeata com menos de 50 pessoas, no dia 21, sábado, feriado, chamada pelo Anonymus Rio. Ninguém foi, mas eu estava lá. Fomos do Posto 4 ao Posto 6, nem polícia tinha, os transeuntes olhavam com cara de: idiotas, pensam que vão mudar alguma coisa. A do dia 07 de setembro do mesmo ano, menor ainda. Eu estava lá, foi depois do Grito dos Excluídos, quem nem 200 pessoas conseguiu agrupar.
Bem, 2013, de fato começou no calendário. Nada de nada versus nada. Mais uma passeata super micha em 21.04.2013. Mas antes disso, em fevereiro, antes do carnaval, a Aldeia Maracanã, mostrava sua força de resistir, no Mato Grosso, os Guarany Kayovás mostravam sua determinação de morre, mas nunca deixar de ser um povo.
O Facebook dos que pensam entrou em ação. Nunca se postou tanto, nunca se pressionou tanto. Código Florestal, Guaranys Kayovás e Aldeia Maracanã.
Eis que o governo,desgovernado do Sergio Cabral/Eduardo Paes/Haddad/Alkimim e outros resolveram aumentar as passagens dos transportes públicos em junho, depois de atenderem a uma solicitação da desgovernada-mor, Dilma Rousseff para que o aumento fosse suspenso no início do ano, por conta da inflação já meio fora do controle.
Os desgovernados e os empresários, já tinham aprontado tantas, foi festinha em Paris com o nosso dinheiro, jatinho da FAB para casamentos, helicóptero para transportar cachorrinho, que mais uma, menos uma ninguém ia dar por conta. Erraram, e feio!
Junho começa com a notícia dos aumentos de passagens dos ônibus em várias capitais, o facebook fez sua parte, espalhando rapidamente os locais e horário das manifestações, os desgovernados achando que era só mandar unas bombinhas de lacrimogêneo e tudo ficaria bem. Erraram feio de novo! Junho foi o mês das maiores manifestações já vista no Brasil no início do século XXI. A Era Lula/PT tinha acalmado o facho da população, afinal o cara estava tirando dos ricos e dividindo com os pobres(será????), ambulâncias antes, mensalão depois e o dinheiro público no meio. Falta dignidade na saúde, falta respeito na educação, falta chão nas estradas, falta pão na mesa. E a coisa ficou esquisita para o grande Partido dos Trabalhadores.
Sem muito o que fazer já que as manifestações cresceram até mais do que nós do movimento esperávamos. A dona Mídia comprada de sempre, tratou logo de se fingir ao lado do povo, e iniciou a campanha do Gigante Acordou, mas é sem partido, porrada em quem tem partido, os mascarados são vândalos, bandidos perigosos, fiquem longe deles. As passagens voltaram ao preço anterior, a Aldeia Maracanã, alvo de disputa entre os empresários-governos e indígenas, também, aparentemente tinha voltado para seus legítimos donos.
O Papa chegou em julho, e só de sacanagem, o tal do primeiro Papa, um cara chamado Pedro, que dizem que é o dono da chuva, avacalhou o coreto , choveu as pencas e o local sagrado na JMC ficou alagado. Os pequenos empresários de ocasião, que pensavam ganhar um trocado as custas do Papa, ficaram no prejuízo. A Papalhaçada foi parar em Copacabana, junto com a Marcha das Vadias, e muita pressão da esquerda organizada. Julho Tb foi de muito protesto.
Agosto, se inicia ainda no caldo de junho/julho: o inverno mais quente da última temporada. E logo na primeira semana, os professores da rede estadual,municipal e Faetc resolveram cruzar os braços contra o desmonte na educação básica, dirigida aos pobres, reféns dos projetos assistencialistas de um governo fascista. O RJ parou pra ver a educação na rua. Mas não foi só o RJ que parou não, Goiás e Ceará (  Universidade Estadual do Ceará) também tem paralisação na educação.
A greve foi histórica, há duas décadas a rede Municipal do Rio de Janeiro, com mais de 30 mil profissionais não parava, parou e parou bonito, com professores, merendeiras, auxiliares administrativos, enfim todos os profissionais ligados á educação estavam nas ruas. O prefeito encolhido embaixo da mesa, o governador arrogante como nunca, e a  matilha armada e sob ordens de um adestrador insano, mandando bomba. A greve é vendida pela diretoria do sindicato, que pensa muito mais nos seus cargos e pretensões políticas do que na luta por uma educação de qualidade, que tiraria os reféns de governos marginais do seu julgo. A greve terminou, mas o RJ não sossegou.
Novembro e Dezembro ainda tivemos enfrentamentos com as forças governistas. Aldeia Maracanã, a prisão dos líderes do Ocupa Câmara, desmontado arbitrariamente no dia 15/10 após a maior passeata já vista neste ano no RJ dos profissionais da educação. O Baiano, a Sininho, o Wallace e tantos outros já foram soltos, mas ainda falta um. O Rafael, que não ficou pra trás de jeito nenhum.
Aldeia Maracanã Resite, e nós resistiremos aos desmandos de um governo insano. Não haverá aumento nas passagens de ônibus, assim como não haverá uma Copa do Mundo, muito linda muito leve.
Estaremos de novo e de novo e sempre nas ruas!
PODER/PODER!
Poder para o Povo
Faz nascer um Mundo Novo!


Por: Denise Oliveira/31.12.2013

domingo, 27 de outubro de 2013

Greve na Educação: 2013, o ano que não terminou





Professores em vigilia dia 01.10.13

O ano de 2013, é  para todos que estão na luta o ano mais importante do século XXI. Ano que entrou para história, e tenho muito orgulho de estar fazendo parte dessa história.
Desde abril, o Rio de Janeiro está nas ruas, primeiro pela causa indígena- Aldeia Maracanã, a primeira grande vitória contra esse (des) governo insano do PMDBosta,  e seus (des)governador, o completamente insano, Sergio Cabral, e (des)prefeito Eduardo Paes.
Entre junho/julho outros (des)governadores e (des)prefeitos de outros estados brasileiros, resolveram aumentar as passagens dos coletivos, e aí as ruas se encheram. A (des)presidenta sofreu na pele toda a ira da população, não refém dos seus fajutos planos populistas de assistência(ou melhor) de fazer do povo seu refém eleitoral.
As manifestações de junho/julho perpassaram ao aumento de simples passagens, e passaram a cobrar por melhorias na saúde e na educação.
Em agosto, mais precisamente no dia 08, as redes estadual e municipal do RJ entraram em greve, justamente pela melhoria no sistema educacional, para cobrar desses (des) governador e prefeito mas respeito ao profissional da educação e a população, que se vê confinada a receber as piores orientações educacionais e  assim, continuar refém de planos que de nada a fazem crescer. Logo a seguir(10/08) entrou a rede Fatec, também em greve.
À nossa greve esteve presente a truculência do estado, na figura da Polícia Militar, braço armado da repressão as insatisfações populares. Afinal, desde a República Café com Leite, que os problemas sociais, são tidos como caso de polícia. O ápice dessa violência se deu entre os dias 28/09 e 01.10. Não que não tivesse ocorrido em outros momentos, como 04 e 10.09 quando os profissionais da rede estadual respectivamente ocuparam a SEEDUC e a ALERJ, nesses dois momentos a repressão foi grande, porém a desocupação da Câmara de Vereadores e a total falta de vergonha desse governo em aprovar o Plano de Cargos e Salário da rede municipal, fizeram desses dias, algo que jamais se tinha visto numa democracia. A verdadeira face violenta do governo, na sua insanidade de passar a todo custo um projeto que irá destruir todo o futuro da juventude carioca.
Porém, como toda moeda tem duas faces, essa repressão descabida aos profissionais da educação na Av. Rio Branco, que se tornou uma praça de guerra, não saiu barato ao governador e prefeito. Estampamos as capas dos principais jornais pelo mundo a fora, e a comissão de Direitos Humanos e a OAB foram duras com toda essa violência. Mas, também a população tomou ciência do que estava acontecendo. Não estavam batendo e atirando bombas de lacrimogêneo em baderneiros mascarados. Mas sim na professora do meu filho!
É neste contexto, que percebo o quanto a nossa greve foi vitoriosa. Mesmo com poda pressão (ameaças de corte de ponto, processos administrativos e multas pesadas ao SEPE), a nossa greve revelou ao pai do aluno o quanto ele esta sendo enganado, ludibriado em seu direito de ser gente, de ganhar conhecimento, de se tornar livre de PACS e Bolsa Família.

No dia 15.10, dia do professor, uma gigantesca passeata, com 70/80 mil pessoas na Av. Rio Branco, o governo enlouquecido, pois o bater não surtiu efeito. Então toda loucura do insano que  temporariamente esta à frente do governo do RJ, se fez valer mais uma vez. Criminalizar o movimento, voar no acampamento da Câmara de Vereadores, e prender 150 pessoas, para amedrontar quem ainda insiste em estar nas ruas, cobrando o que é de direito. Mas uma vez não deu certo. Continuamos e continuaremos na rua!
Nesse dia, diante de tanta pressão, o (des) governo federal entra em ação, na figura de um sinistro-ministro, Luis Fux, endividado politicamente até os ossos, com esses insanos do RJ. Esse sinistro-ministro acena com um acordo. Na verdade, não era acordo, e sim chantagem. Uma chantagem que o nosso sindicato, guiado por pessoas traidoras, motivadas por seguir carreira política, aceitaram de pronto.
A traição veio em cheio sobre a categoria: ou a greve acaba, ou vamos processar, demitir e cobrar a dívida do sindicato. A categoria, ainda assim resistiu, mas a assembléia de  24.10, lotada de pessoas estranhas à categoria, acabou vencendo na votação. Voltaremos às salas de aula sim, mas a tarefa agora é outra. Destruiremos o SAERJ, colocaremos o RJ no pior lugar de ranking dentre os estados e colocaremos em pior lugar ainda no mundial. Vocês tem bombas, chantagens, e um bando de pelegos safados que só pensam em suas aspirações política. Nós, professores que estamos em sala de aula, temos a população. Não temos bombas, balas de borracha , teaser(arma que dá choque elétrico), ou as bolas vermelhas que queimam as pernas(não sei o nome daquilo, mas tomei uma na canela), mas temos a palavra, a honra e a população do nosso lado.
Volto na segunda feira, 28.10 às salas de aula, a SEEDUC cortou o ponto facultativo na esperança de esvaziar a passeata dos servidores públicos, mas só esqueceu de um detalhe, somente quem trabalha nesse dia à noite não poderá ir, todos que trabalham manhã ou tarde(meu caso) estaremos lá. Quem não trabalha nesse dia também estará. Essa passeata é aberta a toda população, e sairá da Candelária após às 18 horas. Ou seja, mais uma jogada suja que não reverterá a favor desses canalhas que pensam que podem conosco.
A greve das três redes acabou sim, mas engana-se quem acha que sairemos das ruas, que sairemos da luta, que não infernizaremos, governo e sindicato vendidos.
A luta continua, capitalismo a culpa é sua!


Por: Denise Oliveira, Prof. Docente I-História- Rede Estadual de Educação, 26/10/2013


sábado, 21 de setembro de 2013

GREVE NA EDUCAÇÃO:REDES MUNICIPAL, ESTADUAL E FAETEC





Desde de junho o Brasil vem sendo sacudido por vários protestos. As primeiras manifestações se deram por conta de mais um aumento nas passagens de ônibus.Mas, logo ficou claro a insatisfação generalizada com toda sorte de imposições que os governos neoliberais dos diversos estados da federação, e o governo pseudo dos trabalhadores vem imputando aos 180 milhões de brasileiros.
As manifestações gigantescas foram absorvidas pela mídia, e tão logo os governos do RJ-SP  retiram o aumento das passagens, as manifestações se acalmaram.
Acalmaram nada! Saiu das ruas a massa acéfala que diz amém a tudo que a mídia burguesa diz. Mas permaneceu na rua, a militância organizada que nunca se cansa de lutar. E é neste contexto que em 08 de agosto a rede estadual e municipal de educação declaram greve por tempo indeterminado, e no dia 10 a rede faetc  engrossou o cordão dos educadores indignados.
Por que estamos em greve há 40 dias? Porque temos no RJ um governo tanto na esfera municipal como estadual, fascista, neoliberal ao extremo, que não respeita a população que deveria dirigir, que não respeita seus funcionários, que fecha escolas de forma arbitrária (até o presente momento 130 escolas em todo estado foram fechadas). Por que temos tanto na figura da senhora Claudia Costim(secretária municipal de educação), quanto na figura do senhor WIlson Rizolia(secretário estadual de educação), dois ferrenhos inimigos da educação, da população, verdadeiros criminosos, pois ao negarem o acesso a uma educação pública de qualidade aos que não podem pagar escolas privadas, fazem destas crianças e adolescentes, alvo fácil para o subemprego e marginalidade.
Não estamos em greve apenas por reposição das eternas perdas salariais, mas por que não aceitamos a meritocracia como forma de bônus salarial, não aceitamos que a Fundação Roberto Marinho, Seninha e outras sejam a portadora da pedagogia.  Afinal, somos professores e temos formação pedagógica para realizar nossas aulas de forma autônoma.
Não queremos e não aceitaremos que governos criminosos continuem assassinando pessoas negras moradoras das  comunidades, como o caso do Amarildo na Rocinha, a Chacina da Maré e os      ataques constantes da comunidades de Manguinhos, que nada tem de pacificadas. Não queremos uma polícia covarde, que em nome de acatar ordens, mata, espanca, usa gás lacrimogêneo e spray de pimenta em passeatas como foi no Grito dos Excluídos e em todas as manifestações de junho, julho e agosto. Inclusive batendo em professor em greve, como do dia 04 de setembro dentro do prédio da antiga SEEDUC, e no dia 11.09 quando ocupamos e montamos acampamento na porta da Alerj.
Queremos negociar pautas como: o fim do fechamento das escolas, o fim da otimização de turmas(junção de uma turma em outra acarretando perda de carga horária ao professor e superlotação da turma existente),queremos que um professor com uma matrícula trabalhe em uma única escola, queremos dignidade e respeito aos funcionários das escolas. Queremos uma educação digna e de qualidade.
A greve continua....e continuará até que sejamos ouvidos, respeitados e tratados como cidadão pagante de inúmeros impostos, que acabam sempre alimentando a sanha incontrolável de um governo corrupto, cercado de “empreendedores” , que só pensam em suas contas na Suíça.

A GREVE CONTINUA, CABRAL A CULPA É SUA!

Por: Denise Oliveira, 21.09.2013

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Manifestações no Leblon


Reflexão sobre os atos de ontem nos bairros Leblon e Ipanema.
Esses bairros são notoriamente  burgueses, e me corrijam por favor, os sociólogos que possuem mais base para entender os movimentos sociais do que eu.
Sendo esses bairros burgueses e locais de moradia dos nossos governantes. Nada mais natural, já que os governos são burgueses e possuem todo olhar para os interesses dessa classe social, que ocorram pro lá esses novos embates.
Observo que a mudança de eixo nas manifestações do Centro (coração da cidade)  para bairros nobres,uma mudança também nas características destas manifestações.
Não vou viajar na ideia de revolução em curso, por achar precoce essa avaliação. Mas percebo claramente uma insatisfação real com a perversa distribuição de renda. Um “chega de se acharem” superiores as demais camadas da população. “Um estou pelas tampas” tanto com o (dês)governo Sergio Cabral, e a todos que dele se beneficiam.E a burguesia é a principal beneficiada de todo esse processo de roubo da dignidade da grande massa.
Gosto de ver esses bairros conhecendo o cheiro desagradável do lacrimogêneo, das mangueiras d’água e das vidraças quebradas.
 Esses elementos, até então, destinados aos “baderneiros”, enfim também começam a serem usados (mesmo que sem querer) aos que sempre promoveram a “baderna” na nossa existência.

Isso, é sim Luta de Classes!





Por:Denise Oliveira, julho,2013

segunda-feira, 24 de junho de 2013

MANIFESTOS X MANIFESTANTES


Protesto em Porto Alegre, RS de 13.05.2013

Esse mês de junho seria mês das festas tradicionais com fogueira, quentão, fogos, bandeirinhas e muita comida típica. Porém, algo saiu do lugar comum. No primeiro dia do mês, aumento de passagens dos transportes públicos, quase que sucessivamente em todos os estados brasileiros. Um movimento de jovens, O MOVIMENTO PASSE LIVRE, e uma rede social, o FACEBOOK, foram suficientes para fazer a fogueira das Festas Juninas incendiarem as principais (e secundárias) cidades brasileiras.
Na primeira semana, como se esperava, a mídia convencional e já velha conhecida da alienação nacional, caiu de pau nas manifestações. Mas conforme o movimento foi endurecendo, e encorpando a nossa raposa velha muda sua roupagem.
As manifestações iniciaram em maio de 2013, e foi relegada a segundo plano pela mídia, e também pelos fascistas que a usurparam. À esquerda e seus partidos lá estavam, por que sempre estiveram ao lado de toda luta popular.
Em 11 de junho, manifestações no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Distrito Federal e outras capitais, foi alvo de uma repressão violentíssima da polícia, e está incorreu num erro gravíssimo, acertaram os agentes da mídia, os agentes que sempre estiveram conta a gente. A partir daí, toda opinião pública se volta contra a polícia... É o início do fim do movimento.
17 de junho novos protestos em todas as capitais, no RJ, cem mil pessoas nas ruas. Aqui ainda não tinha começado a caça aos partidos. Mas em SP, BH e RS sim. Enrolados na bandeira nacional, inúmeros infiltrados e acéfalos de plantão, partiram pra cima dos que sempre estiveram nas lutas, os partidos de esquerda (PSTU, PCO, PSOL e UNE). No RJ, um grupo resolve invadir a ALERJ (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro). Ali, eu já senti um cheiro estranho de fascista no ar.
Jovens felizes e protestando na Rio Branco, até então bonito de se ver, mas a chegada na Alerj, pelo menos pra quem já tem 35 anos de rua e de luta, tudo me pareceu muito falso e forçado. Do tipo, causar um pânico geral na população e limpar a barra da desgastada Polícia Militar, que se posta de vítima encurralada dentro do prédio. E para justificar seu “encurralamento”, usou de todo arsenal possível, inclusive balas de pólvora e não mais de borracha.

Rio de Janeiro, RJ,17.06.2013. Já não há mais bandeiras de partidos tradicionalmente de esquerda

“Já voltei pra casa, pensando:” Esse movimento está estranho. Os anarquistas porra louca estão fazendo tudo errado de novo”. Era só o começo.


Brasília, DF,17.06.2013
















Minas Gerais, Belo Horizonte 17.06.2013

19 de junho. Num discurso pra lá de afinado, senhores governadores e prefeitos do RJ (Sergio Cabral e Eduardo Paes) e SP (Geraldo Alkimin e Fernando Haddad), pronunciam o cancelamento do aumento e a volta da passagens para o preço anterior, porém deixando claro, que quem pagará essa conta é o próprio povo, com cortes em programas sociais (lê-se saúde e educação).
 20 de junho. Mega passeata, 300mil para uns, mas de 1,4 milhão pra outros (eu estava lá, e aposto nesta última opção). Aí sim, vi o que em três décadas de rua nunca tinha visto. “Manifestantes” mascarados ou não baixando o braço em todos que estivesses com uma bandeira ou uma camiseta vermelha (indicação do PT para seus militantes participarem da passeata), e a polícia baixando a porrada  em todos que estivessem vestidos.
As ruas do centro do Rio viraram verdadeiros campos de guerra, um  verdadeiro inferno. A polícia e sua truculência nata, agora respaldada pelos  tais “vândalos” criados pelas Redes de Televisão, entraram com tudo e mais alguma coisa. Lacrimogêneo, bala de borracha, cães e balas de pólvora (traçantes). A PM invade as ruas, os Hospital Salgado Filho, bares na Lapa e o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ(IFCHS), da onde os manifestantes e alunos só puderam sair escoltados pelos advogados da OAB.

O balanço total desses protestos:

RJ, 20.06.13

Passamos mais de dez anos sem nenhuma movimentação da população, os governos petistas se colocando como de  “esquerda”, numa população que não sabe o que é e nem quem compõe a “esquerda e a “direita”, insuflada por uma mídia que coloca todos os políticos no mesmo saco. Uma educação formal que também não prepara o cidadão, visto que os professores são tão contaminados pelo brilho dourado do capitalismo como qualquer um membro dessa sociedade doente como a nossa. Reclamam, reclamam mas não trazem para as suas aulas o verdadeiro significado de cidadania...Imagina o de internacionalismo. Meus colegas,(em sua grande maioria) nem sabem o que é isso.
Por outro lado a esquerda brasileira, da qual eu não me eximo,  também não se mostrou como alternativa de poder, e nem mesmo de liderança de uma massa, que poderia se levantar a qualquer momento e por qualquer motivo. E o fez,  pela gota d’água de R$ 0,20. Na verdade, o que está por trás destes vinte centavos, é mais...e muito maior.
A precária e inexistente rede de saúde pública, aonde se mata mais do que se salva, os elevados tributos que pagamos e não vemos seu retorno em serviços, a prática tão comum e entranhada em nós de que pequenas corrupções não são crimes, mas a corrupção vinda dos políticos, até porque são de bilhões é vista como grandes e hediondos crimes( as duas formas o são).
A Escola pública seja na esfera fundamental (município), mediana(estado) e superior(federal) se mostram um caos, tanto na estrutura física dos prédios escolares e universitários, como no descontentamento de seus professores, diretores e reitores, aliando aí, as práticas infernais de pressão para que nos livremos o quanto antes desses “inoportunos alunos”. O que colabora pra uma sociedade cada vez mais despolitizada e um professor cada vez mais desmotivado.
Lutas claras no campo e na cidade por falta de espaço para os camponeses e indígenas, já que tudo o tempo todo tem que ser para as elites dominantes. E nós não aglutinamos força, e  pior, não ganhamos as massas como alternativa a todo esse “lixo de esquerda que o PT se colocou”, e ainda nos sentimos no dever de protegê-los, já que apoiar um Fora Dilma, é o mesmo que dar um tiro no pé.
A verdadeira esquerda partidária, ou a esquerda sem partido, se vê numa grande sinuca de bico. Não se coloca como diferencial para as massas, e não pode romper com o governo, e acaba apanhando dos três lados(do governo, da polícia e da população).
Os erros crônicos da esquerda, que passa pelo seu próprio fracionismo ideológico e sedimenta nas discussões fechadas em ciclos que nunca chega a grande massa, faz com que façamos uma grande auto crítica. Se quisermos mesmo ser vanguarda, então que nos comportemos como vanguarda. É no povão, e para o povão que temos que lutar. E não adianta alijar esse povão das discussão, pois sem ele ficou claro, que não chegaremos a nenhum lugar.
A direita, aglutinada e com toda as formas de comunicação em seu poder, vai continuar nos ganhando, enquanto nós nos colocarmos como os acima e por cima de todos.
Nós SOMOS o POVO, e o POVO não nos vê porque não nos colocamos COMO POVO.

Por:Denise Oliveira, junho, 2013




sábado, 30 de março de 2013

A Escravidão Africana no Brasil Colonial


Navio Negreiro ou Tumbeiros já que morriam inúmeros negros na viagem
 O trabalho compulsório foi a marca da economia açucareira durante o processo de ocupação e colonização do território brasileiro. Dentro da lógica Mercantilista, que permeou os séculos XVI-XVIII, aonde o acúmulo de capitais foi a tônica econômica. É neste contexto, que a África será explorada. Não só seus recursos naturais vão gerar lucro as metrópoles que nela se estabeleceram, mas a marca mais profunda do desrespeito étnico, imposto pelo etnocentrismo, lógica que vigorou na Europa Modernista, aonde a etnia branca se julgava superior as demais etnias espalhadas pelo Planeta e, agora descoberta através do movimento marítimo.
Vamos entender melhor esse momento, aonde pessoas, classificadas por sua cor de pele, e com aval da Igreja Católica e Protestante se tornaram meras mercadorias, e sua cultura, seus territórios e sua vida passaram a ser classificados apenas como lucro.


Tráfico Negreiro século XVIII
A Escravidão e o Escravismo
Os europeus ao chegarem no continente africano deparam-se com a prática da escravidão, mas o que se verificou com o tráfico atlântico, a partir do século XV, não pode ser classificado como o mesmo fenômeno.
Durante muito tempo, acreditou-se na ideia de que a escravidão ocorrida na África fora mais branda e humanista se comparada à escravidão praticada na América até o século XIX. Muitos defendiam a tese de que o cativo era absorvido pelo povo que o capturava, caracterizando uma escravidão exclusivamente de cunho doméstico, mas, conforme veremos, a escravidão na África não ocorria somente neste formato.
Porém, sabemos que a relação entre senhor e escravo, tanto na África como na América, sempre foi baseada na violência, nos castigos e nas punições disciplinares. Além disso, as pessoas foram retiradas dos meios em que viviam, separadas de suas famílias, obrigadas a aprender outros idiomas e outros costumes, além de terem sido humilhadas e torturadas. Todas essas características foram chamadas de processo de desterritorialização, que ocorre quando indivíduos são retirados à força de seus territórios para outros territórios muitas vezes inóspitos.
A escravidão africana se configurou como cruel e desumana, segundo a historiadora Marina de Melo e Souza

“Desde os tempos mais antigos, alguns homens escravizaram outros homens, que não eram vistos como seus semelhantes, mas sim como inimigos e inferiores. A maior fonte de escravos sempre foram as guerras, com os prisioneiros sendo postos a trabalhar ou sendo vendidos pelos vencedores. Mas um homem podia perder seus direitos de membro da sociedade por outros motivos, como a condenação por transgressão e crimes cometidos, impossibilidade de pagar dívidas, ou mesmo de sobreviver independentemente por falta de recursos. [...] A escravidão existiu em muitas sociedades africanas bem antes de os europeus começarem a traficar escravos pelo oceano Atlântico”(SOUZA, 2006, p. 47 apudMOCELLIN; CARMARGO, 2010, p. 174).

A escravidão africana poderia acontecer por guerras, aonde o grupo vencido se tornava escravo do vencedor, já neste caso era visto como inferior/derrotado. Por dívida,quando o devedor sem condição de arcar com o pagamento, era escravizado pelo credor até que pagasse o devido com seu trabalho ou como punição por crimes. Porém, a escravidão e as guerras se tornaram mais freqüentes e lucrativas a partir da chegada do europeu.
A Indústria da Escravidão
O tráfico internacional de escravos marcou uma gigantesca rede de comércio de seres humanos, o tráfico negreiro, e a montagem  de um sistema altamente lucrativo, o escravismo.
Na América recém ocupada pelos europeus, o escravismo alçou grandes lucros, formando uma classe altamente enriquecida e poderosa com essa atividade. Na África,o tráfico favoreceu  a desorganização das estruturas políticas. A partir do tráfico se estimulou rivalidades entre as inúmeras etnias que habitam o continente , o que favoreceu, e ainda favorece a exploração das riquezas naturais  por países estrangeiros. Na Europa, o acúmulo de capitais proporcionado pelo tráfico negreiro e pela produção colonial foram os instrumentos principais de acumulação de capital para alavancar  o capitalismo.
Tráfico de Escravos Séculos XV e XVI


África: Os Reinos e o Tráfico Negreiro
A região da Costa D’Ouro, era o principal foco de atividades portuguesas no século XV, pois foi por  esta rota, que os primeiros navegadores começaram a descobrir novas terras e riquezas. Esta região estava repartida em pequenos principados desde o século XII. Os povos costeiros faziam comércio com os povos do interior através de escambo de sal, peixe, noz de cola, tecido, ouro e cobre.Estas comunidades faziam parte do grupo etnolinguístico  Akan e falavam a língua Kwa da família Níger-kadorfaniana. A expansão deste reino  da costa para o interior, estará ligada à expansão do comércio negreiro.
No início o povo Achanti, utilizava  suas reservas de ouro para adquirir armas de fogo. Com o tráfico,passaram a exportar cativos em troca de munição e mais armas, para promoverem mais guerras e gerar mais cativos.Desta forma, o reino Achanti ,com o incentivo advindo dos lucros dos cativos passou a dominar toda a região ao longo do século XVIII.
Na região do Golfo da Guiné, os europeus também encontraram reinos formados no século XII.Esses reinos agrupavam povos de língua Iorubá. O reino de Oyo, por sua localização entre a savana e a floresta, controlava grande parte do comércio. Já o reino de Benin detinham o controle sobre o marfim e a pimenta, agrupando ao longo dos incentivos vindos dos europeus, o tráfico de cativos.
Os lucros advindos do tráfico negreiro desencadearam  uma série de conflitos entre esses povos. As etnias já mantinham uma rivalidade natural, mas não podemos deixar passar em branco, o incentivo e as provocações promovidas pelos europeus. De início, ao perceberem essas rivalidades, as nações européias promoviam, através de benefícios a um determinado grupo étnico em detrimento de outros, o que acirrava as rivalidades. Vale lembrar que até hoje, em pleno século XXI, as guerras étnicas que ainda varrem o continente africano, beneficiam as nações européias. Mas recentemente,  o Congo vive uma interminável guerra civil, que gera  lucros incalculáveis a indústria de tecnologia, por conta a aquisição do coltan(principal matéria prima para a fabricação de computadores, celulares,GPS,satélites e afins).
Do reino de Daomé, do povo fon, localizado na região central, também se expandiu até o litoral, baseado na captura e venda de cativos, oriundos de guerras étnicas. Está região tomará um corpo tão preciso na rota de cativos, que será conhecida entres os séculos XVII e XVIII como Costa dos Escravos.
Línguas e Povos Africanos
O grande impulso do tráfico negreiro aumentou as atividades comerciais no interior, o que favoreceu o surgimento de uma nova classe mercantil. A região de Ndongo(atual Angola),atraia cada vez mais  comerciantes portugueses. Desta forma, o estímulo cada vez maior as guerras entre tribos foi sendo a principal arma dos portugueses para alavancar somas vultosas com o tráfico humano.

Rotas, Reinos e Estados Africanos até o século XVI

A Escravidão Africana na Colônia Brasileira
Como ficou claro na primeira parte do texto, a escravidão africana gerou lucros infinitos aos que dela participaram como apresadores de gente,seja  na própria áfrica, entre os africanos, seja aos comerciantes europeus. Mas como se deu as relações entre o escravo e seu senhor, fora do seu território de origem?
A sociedade colonial assentava-se na oposição entre senhores e escravos. Todos os demais grupos sociais definiam-se a partir deste dois primeiros e de acordo com sua proximidade ou distância desse núcleo fundamental.
Os senhores de engenho, lavradores,pequenos proprietários,comerciantes, fidalgos, clérigos, funcionários do império e soldados, constituíam  a classe de homens livres.
Os escravos eram propriedade, comprados da mesma forma que qualquer outro objeto.Tanto o seu trabalho como sua vida pessoal pertenciam ao seu dono. Como eram mercadorias, podiam ser vendidos, trocados, alugados,emprestados ou doados, segundo a necessidade de seu proprietário.Desta forma, era negado ao escravo constituir família,conviver com seus filhos ou parentes. A posse de muitos escravos, conferia ao senhor status e poder social.
Desde os primeiros tempos  da conquista até o século XIX, a escravidão foi a base de trabalho  no Brasil. A primeira tentativa de escravização, foi imposta aos indígenas e persistiu por todo período colonial,sendo mais predominantemente utilizada nos engenhos de açúcar até o século XVI. A partir da entrada de africanos, a mão de obra indígena se restringiu ao Nordeste, algumas capitanias do Norte e do Sul.
As expedições conhecidas como Bandeiras, tinham como objetivo principal descobrir minas de metais preciosos e apresamento de indígenas para a lavoura e outros trabalhos da terra. Mas a escravidão indígena, fugia da ordem mercantilista, que se estruturava  como ordem mundial. Tanto os traficantes de escravos, como o Estado absolutista não tinham controle sobre essa ordem econômica não gerando lucro a essa categoria social. Desta forma, a Igreja e o Estado passaram a condenar a escravidão dos negros da terra.

Bandeiras de Apressamento Indígena







Rotas de Apresamento Indígena






A Escravidão e a Política Econômica
Os grandes lucros avindos da escravidão africana foi  fundamental para o controle das terras conquistadas. Desde a instalação do Governo Geral, em 1548 com a chegada de Tomé de Souza, a vigilância sobre as atividades comerciais na colônia ficaram bem mais acirradas. O Estado Português, limitou a escravidão indígena, da qual não gerava lucros para a metrópole e para tal a presença dos padres jesuítas foi primordial neste controle.
Defensores da causa indígena, os padres direcionaram não só suas almas mas também sua força de trabalho. Os membros da Cia de Jesus, auxiliavam o Estado no exercício de poder sobre o colono e o apressamento indígena.
Não será a toa, que a Igreja lançará mão das escrituras sagradas que classificam os africanos como descendentes de Caim,filho de Noé, o irmão invejoso que matou Abel desonrando sua família. Desta forma, os africanos deveriam expiar seus pecados através do trabalho, por isso foram condenados à escravidão.
A retirada dos africanos de seu continente e a dura travessia pelo Atlântico, era segundos os clérigos,  o milagre da Providência Divina, já que receberiam o batismo, e a fé cristã. O africano escravizado, não estava sendo injustiçado, mas sim recebedor da graça divina da purificação. Poucos religiosos foram contrários a este auto de fé, a grande maioria dos religiosos e com as benções de Roma, eram favoráveis a esta maneira escabrosa de se salvar  almas.
A América seria o local ideal para que esses  “infames” purificassem suas almas, e assim depois de mortos entrarem no reino dos Céus. A colônia brasileira, tinha como papel básico ser o Purgatório de todos os pecados cometidos por esse "povo”.
Já os indígenas, segundo os padres jesuítas,permaneciam puros como nos Jardins do Éden. Andavam nus, mas não tinham malícia.Respeitavam as mulheres, as crianças e viviam em harmonia com a natureza. Só faltava a esses seres quase divinos, o conhecimento da fé Cristã.
A lógica desse discurso medonho é uma só: os africanos geravam um grande lucro, tanto aos comerciantes, quanto à Coroa e por isso deveriam perecer no cativeiro, já os indígenas fariam esses lucros sangrarem sem chegarem as mãos dos reis, por isso deveriam ser poupados da escravidão real, levados a uma escravidão branca, que geraria grandes lucros as ordens religiosas. Pois, todo trabalho executado pelos bugres da terra nas missões jesuíticas era, revertidos aos cofres de Roma e a própria Ordem dos Jesuítas. Desta forma, fica muito claro os interesses religiosos nas “santas alminhas indígenas”.

As Formas de Resistência Africana ao Cativeiro


Ataque ao Feitor ou Senhor


Apesar de todas as condições adversas e dos discursos religiosos legitimando a escravidão,os negros não assistiram pacíficos à destruição de sua s vidas. A resistência ao cativeiro e a toda violência dele advindo forjou  várias  formas de resistência. Os escravos promoviam sabotagem no processo de produção do açúcar, organizavam fugas coletivas ou individuais, assassinavam feitores e senhores, suicidavam como forma de dar prejuízo ao senhor, geravam revoltas nos engenhos e povoados. E ainda existiam os que sentiam banzo, uma espécie de depressão por saudade de sua terra original que levava o escravo a não render nos trabalhos da lavoura e até a morte por definhamento. Outra forma de resistência foi a preservação das crenças originais e ritos africanos, mesmo condenados pelo sistema colonial,os rituais de louvor a natureza, o Candomblé, se fez permanente nas senzalas. Muito comum para disfarçar a crença era unir os orixás aos santos católicos, dando origem ao sincretismo religioso. Também foram incorporados elementos dos ritos indígenas. O que de certa forma contribuiu para o nascimento de uma nova religião no Brasil: a Umbanda.
Porém, a forma mais eficaz e conhecida de resistência à escravidão, foi a formação de Quilombos. Após fugirem  em  grupos, estes se organizavam em pequenos acampamentos em áreas despovoadas e de difícil acesso.Para sobreviver, os quilombolas promoviam assaltos a viajantes,e ataques a povoados.


Resistência Cultural









Rebelião nos Engenhos
Para os grandes quilombos não iam apenas os negros, podiam se contar também com a presença de indígenas vitimados pelos ataques das Bandeiras, criminosos e outros tipos de marginalizados  da sociedade colonial. Nesses quilombos, havia agricultura de subsistência, criação de animais de pequeno porte,produção de artesanato e até armas para caça e pesca. Alguns quilombos de grande porte chegaram a  estabelecer relações comerciais com os povoados mais próximos, e na forma de escambo adquiriam armas de fogo, munição, ferramentas e outros produtos necessários a sobrevivência da comunidade.


Formação de Quilombo
A organização social dos Quilombos era estabelecida por uma elite guerreira, líderes da comunidade que promoviam a defesa  do espaço e ataques armados não só aos povoados como também as inúmeras tentativas de destruição do seu espaço.
Não era raro a manutenção da escravidão doméstica dentro dos quilombos nos mesmos moldes da escravidão das tribos africanas. Mas os quilombos foram a forma de maior resistência à escravidão e neles podia-se reproduzir as heranças culturais,seus hábitos e costumes de maneira livre do julgo colonial. Os quilombos constituíram-se nos efêmeros paraísos sobre a terra.
Podemos perceber claramente  as nuances das perseguições étnicas no Brasil colonial. A tônica etnocêntrica e a dominação católica deste período, infelizmente permanecem até os dias de hoje sobre as minorias (que nem tão minorias assim são) raciais.
No Brasil do século XXI, convivemos cotidianamente com as discriminações raciais sobre os negros e indígenas. No final do ano de 2012 e início de 2013  assistimos em SP, a matança indiscriminada de jovens negros da periferia. No RJ a expulsão grotesca dos indígenas que habitavam o abandonado prédio do ex museu do Índio(a Aldeia Maracanã), além de saber de inúmeras arbitrariedades promovidas contra os Guaranis-Kaiowás no Mato Grosso, o Alto Xingú ameaçado pelo próprio governo Federal, que deveria ter o compromisso de preservar sua cultura, mas deseja ardentemente construir uma Hidrelétrica, Belo Monte, que beneficiará apenas as grandes empresas ligadas ao agronegócio.
Enfim, ao final nos parece que ainda vivemos no período Moderno(séc XV a XVII), ligado ao grande preconceito étnico –cultural, forjado pelos interesses do grande capital.

Bibliografia:
SOUZA, Marina de Melo e. África e Brasil africano. In: CAMARGO, Rosiane de; MOCELLIN, Renato. História em debate. Volume 2. Ensino Médio. São Paulo: Editora do Brasil, 2010, p. 174.
CAMPOS, Flávio e CLARO, Regina. A Escrita da História-Vol.1, Edições Escala Educacional S/A,SP,2010- Capítulo 10: O Império Colonial Português Pags.290-300,mapas escaneados deste capítulo.

Por: Denise Oliveira, Março de 2013

sexta-feira, 15 de março de 2013

As Condições de Trabalho dos Professores no Brasil


professor



Brasil - Le Monde Diplomatique - [Roberto Franklin de Leão] A história da educação no Brasil é marcada por descasos, improvisações e exploração da força laboral dos trabalhadores escolares, fatos intrínsecos ao modelo de colonização que deu origem ao patrimonialismo estatal e à disseminação de misérias até hoje não superadas pelo país

Num breve contexto histórico, a educação formal no Brasil surgiu cinquenta anos após o Descobrimento e se deu por meio de concessão da Coroa portuguesa à Companhia de Jesus. Naquela época, os padres e irmãos-coadjutores eram responsáveis pelo trabalho escolar, e suas rendas (ou sustento) provinham de dízimos e das atividades pecuárias desenvolvidas nas fazendas da Igreja. Somente em 1759, com a expulsão dos jesuítas do Brasil, o governo da colônia passou a se responsabilizar pela oferta educacional, nomeando professores e remunerando-os uma única vez por ano – condição de quase flagelo que exigia dos mestres outras fontes de recursos para arcar com seus compromissos cotidianos.
Durante a Primeira República (1889-1930), o modelo escolar elitista, já praticado no Império independente de Portugal, regeu a oferta pública educacional, e os professores, em número bastante reduzido – sendo a maior parte composta de profissionais liberais ou servidores públicos que tinham o magistério como segunda atividade econômica, com exceção das normalistas responsáveis pelas classes de primeiras letras –, gozaram de melhores remunerações e condições de trabalho.
O êxodo rural e a industrialização, dois fatores que mudaram a estrutura da sociedade brasileira na primeira metade do século XX, pressionaram o Estado a ofertar ensino público para atender às demandas sociais e econômicas do país. Porém, os interesses das elites dominantes prevaleceram desde então, no sentido de não se optar pela construção de um sistema público de ensino com qualidade. Concedeu-se ao povo o acesso às escolas de primeiras letras com o único objetivo de qualificar minimamente os trabalhadores e seus filhos para o crescente e diversificado trabalho urbano.
Nessa nova fase, a formação profissional do professor ganhou destaque, e as normalistas – em geral mulheres oriundas da classe média e com formação de nível médio – passaram a ser protagonistas no processo da educação popular. Por outro lado, o primeiro curso de graduação voltado à formação do magistério surgiu apenas em 1934, com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
Embora as normalistas constituíssem uma emergente classe no mundo do trabalho, acompanhada de profissionais que viviam exclusivamente da renda obtida com o exercício do magistério, fato é que o Estado brasileiro (leia-se, elites) atendeu à crescente demanda social por escola pública sem investir recursos financeiros necessários para manter o padrão de qualidade do modelo elitista da Primeira República. A estratégia centrou-se na posição desprivilegiada da mulher na sociedade – ainda hoje a maior força de trabalho na escola básica, com quase 90% de ocupação dos postos na educação infantil e fundamental – para fracionar a jornada de trabalho, reduzir os salários e precarizar as condições de trabalho, sobretudo por meio de salas superlotadas. A jornada escolar dos estudantes também foi fracionada para que a escola dispusesse de mais espaços físicos (uma única escola chegou a comportar quatro turnos diários) para atender um imenso contingente de crianças, jovens e adultos analfabetos.
Essa estrutura de improvisação do currículo, dos tempos pedagógicos e de exploração do magistério – e até aqui nem se cogitava reconhecer ou valorizar os funcionários escolares (merendeiras, vigias, secretários, zeladores, entre outros) – predominou na cultura de nossa sociedade, não obstante a incessante luta dos trabalhadores em educação inaugurada no início da década de 1940.
Outro agravante no cenário da desvalorização da educação e de seus profissionais reside na própria estrutura federativa, que no Brasil sempre impôs sérias contingências a estados e municípios – responsáveis diretos pelo financiamento da educação pública de nível básico (0 a 17 anos). Ainda no Império, ciente de que a ajuda do poder central era decisiva para melhorar as condições de aprendizagem dos estudantes e de trabalho dos educadores, em 1822, mesmo antes da proclamação da independência, o Poder Legislativo aprovou lei estabelecendo piso nacional para o magistério. Todavia, em razão da escassa contribuição financeira do Império às províncias, a lei acabou sendo renegada pelos gestores públicos.
Quase dois séculos depois, em 2008, os trabalhadores em educação tiveram novamente a oportunidade de contar com uma lei federal que estabeleceu o piso nacional para o magistério, cujo valor é a referência mínima para os planos de carreira de cada uma das esferas da administração pública que contratam professores no nível básico (federal, estadual, distrital e municipal).
A referida lei é justificada por diversas razões, sobretudo do ponto de vista comparativo:
1º) Pesquisa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2009 revelou que o professor brasileiro do ensino fundamental 2 (6º a 9º ano) ganhou, em média, US$ 16,3 mil naquele ano. Enquanto isso, na média, um professor com formação e tempo de serviço equivalente recebeu US$ 41,7 mil nos países da OCDE.
2º) Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2009), do IBGE, que embasaram o projeto de lei do novo Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Congresso Nacional, apontaram que o professor da educação básica é o profissional menos valorizado no Brasil. Sua renda média anual equivale a 40% da dos demais profissionais com mesmo nível de escolaridade, e o PNE sugere igualar essa renda num prazo de seis anos – o que é um imenso desafio!
3º) O Brasil ainda detém uma das menores remunerações em início de carreira do mundo (US$ 783), estando atrás de Costa Rica (US$ 1.474,53) e Argentina (US$ 1.131,31), porém superando Chile (US$ 780), Colômbia (US$ 745) e Nicarágua (US$ 199,17), do ponto de vista da América Latina. Importante ressaltar que, até meados de 1990, vários estados e municípios do Brasil remuneravam seus professores abaixo de US$ 100. E, mesmo com a superação dessa condição indigna, o patamar atual está muito aquém do potencial de quem detém a sexta economia do mundo, sendo preciso, acima de tudo, resgatar o valor social dessa importante profissão que já sofre com preocupantes déficits nas áreas de exatas, biologia, artes e língua estrangeira.
A luta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), desde a aprovação da Lei n. 11.738 e do julgamento de mérito à ação direta de inconstitucionalidade movida por governadores contrários à lei do piso – que acabaram derrotados no Supremo Tribunal Federal –, é pela imediata e integral aplicação do piso nacional do magistério em todos os entes da federação. A referida lei concilia remuneração, formação e jornada de trabalho, constituindo um primeiro instrumento efetivo de política pública capaz de reverter a histórica desvalorização do magistério. A CNTE também luta pela extensão do piso aos demais profissionais da educação como forma de assegurar uma educação pública de qualidade para todos os brasileiros e brasileiras, capaz de garantir o desenvolvimento inclusivo, soberano e com igualdade social.

Matéria publicada no informativo:www.diarioliberdade.org em 12/03/2013

Publicada na íntegra/Por:Denise Oliveira-março de 2013

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Brasil: o pesadelo dos anos 70




Ao final dos anos 70 era lançado o álbum “John Lenon Plastic Ono Band”. Na canção God, Lenon afirmava  não acreditar, na Bíblia, em Jesus, em Buda, em Bob Dylan, no movimento hyppe e nos Beatles, afirmando na música “And thahst’s realyter.The dream is over”( E esta é a realidade.O sonho acabou).
O início dos anos 70 parecia  ter sido marcado pela ressaca da década anterior, quando tudo parecia mudar,principalmente no louco ano de 68, onde a juventude deu as cartas, mas perdeu o jogo. A morte violenta  de Malcon X, Martin Luther King, Che Guervara, Carlos Marighela, Carlos Lamarca, a continuidade da Guerra no Vietnã , a manutenção da Guerra Fria, a manutenção das ditaduras militares desmoronamento de países como Chile e Argentina,até então o oásis da democracia na América do Sul. Tudo apontava para o esgotamento da capacidade de transformação do mundo.
O recolhimento pessoal, a luta pela sobrevivência e os atrativos da sociedade de consumo tornaram-se referência dominantes. Não por acaso a música muda, do rock contestador  de Bob Dylan, Janis Joplin, Jimmy Hendrix e Cat Stevens, surge o rock progressivo do Yes, Pink Floyd,Genesis(internacionais), e no Brasil, pela ausência dos maiores músicos surgidos na década de 60, que após o AI 5 foram obrigados a se exilar, como :Caetano Veloso e Chico Buarque, vão surgir movimentos como Clube da Esquina e 14 Bis(MG), Mutantes e , lançando a   voz e estilo diferenciados dos Secos e Molhados. Esse tipo de rock propunha uma nova  forma de sonho, o que procurava evadir-se e não brigar com a realidade.
A verdade é que a década de 1970, foi de derrota total ao sonho de mudança real para a sociedade, os que contestavam estavam fora, seja por problemas políticos, ou por que morreram de over dose. O que restou: dançar bem ou dançar mal, mas dançar sem parar.



Grupo Secos e Molhados













A invasão da música estrangeira na nossa cultura

O modo de vida Brasileiro
Enceradeiras, batedeira, aspiradores de pó, ar-condicionados, máquinas de lavar, aparelhos de som, e a televisão(que chega no final da década de 50 e se transforma em elemento fundamental dos lares mundiais). A julgar pela enxurrada de trecos e cacarecos a invadir os lares de classe média, podemos notar claramente que a forma de entender felicidade muda completamente. O ser feliz nos anos que virão, compreende ter, comprar, trocar, gastar, mudar.Mas longe, bem longe se vai o ser, o dividir.
Os mais felizes e afortunados ostentavam e concretizavam o sonho da “casa própria”. Participar da Aldeia Global, criada em 1965 com a chegada da “Rede Globo de televisão”, que alicerçada pela Ditadura Militar, consegue com suas novelas, programas humorísticos e Telejornais seguidos à risca os mandos dos censores, prenderem a atenção de todos, levando ao excluído a sensação de pertencer a um mundo a qual ele jamais acessará.
Com a prisão, exílio e morte dos maiores intelectuais-políticos e artistas brasileiros, e com a ofensiva da televisão, o país ficou irremediavelmente menos crítico e reflexivo. Ouviam-se cada vez mais músicas norte-americanas, inglesas, irlandesas, cuja a maioria das vezes nem se compreendia o título das canções.Enquanto na música brasileira, o que se ouvia era as baboseiras adocicadas da Jovem Guarda, ou duplas como Dom e Ravel, ovacionando a Ditadura com versos vendidos tais como: “Eu te amo meu Brasil, eu te amo/Meu coração é verde, amarelo, azul anil/ Eu te amo/Ninguém segura a juventude do Brasil.” A juventude mesmo, está sendo morta, na Guerrilha do Araguaia, nas sessões de tortura dos inúmeros DOI-CODIs espalhados pelo país inteiro.

O Auge da Ditadura
Esse ambiente de claro declínio cultural e político, ajuda a explicar o fracasso da luta armada como alternativa ao assalto de poder feito pelos militares apoiados pela CIA em 64, e reafirmados no poder em 13.12.68, com a edição do Ato Institucional n° 5, o golpe dentro do golpe, estava dando resultado.
      “ O Homo brasiliensis reproduzido pela máquina modernizadora do governo pós 64 ficou vazio de interesses culturais. Bibliotecas,exposições de arte,espetáculos de dança e música,teatros, produções massivas de livros e revistas, enfim,todas as formas de refinamento da expressão artística não foram mantidas no horizonte de aspirações públicas como prioritárias, segundo o planejamento socioeconômico posto em execução.
Na verdade, sequer contaram como atividades suplementares. Foram deslocadas para significar meramente formas ornamentais da vida.
 Extraída a dimensão política do cidadão, pouco restou para a área estética da cultura. Retirado do cidadão o acesso à consciência de si, ele ficou encarcerado, sem força objetiva para se libertar, pois somente na prática política a sua consciência  se desdobraria em ação libertadora.”¹

Seleção  Tricapeã Copa México 1970

O governo Médice paralisou a oposição, ampliando  a censura, a repressão política, e usando de forma  escancarada toda as medidas de arbítrio contra as liberdades individuais e mecanismos de justiça. Todos estavam amordaçados.
Mas o efeito devastador de Médice, sobre a oposição, residia em sua popularidade. Nas eleições parlamentares de 1970 e municipais de 1972, a ARENA(Aliança Renovadora Nacional) partido de apoio escandaloso à manutenção ditatorial, obteve vitórias esmagadoras sobre a tímida oposição feita pelo MDB(Movimento Democrático Brasileiro), que não conseguia transpor  o cerco da repressão política a seus quadros.


Cartaz do Filme "Pra Frente Brasil" 
A esquerda armada derrotada em 1973 no meio urbano e a Guerrilha na Floresta Amazônica esfacelada em início de 1974, dará tônica da ordem vigente. Povo emburrecido, educação  alienada e de valores burgueses, valores capitalistas embutidos via principalmente TV e sua programação pobre de conteúdo, cinema,livros e peças teatrais burlescas todos a serviço do entretenimento irresponsável e sem lastro social e cultural. O uso da máquina esportiva e dos símbolos antes populares como o samba, agora sendo usados para frear o desenvolvimento intelectual e crítico da população.
Com todos esses elementos a favor, em 40 anos teremos um país exaurido de valores esdrúxulos, que coisificam naturalmente: as mulheres; gostosas e burras, o negro; como pobre,desdentado e feio, o indígena; como o cara que atrapalha o progresso, os jovens sem perspectiva; os viciados que enfeiam os grandes centros, e os mais velhos;como vagabundos chatos que só querem viver às custas do Estado e os inconformados que não se renderam ao sistema, que pensam por conta própria, que se recusam a assimilar valores vindo da TV, os loucos do contra, os radicais que não fazem outra coisa a não ser falar de política.
O ser analfabeto, mesmo portando diploma de doutor está no controle...e a pergunta é...até quando?

Bibliografia

 ¹Lucas,Fábio.” A Crise da cultura Literária no Brasil Pós 64”,SP,Edusp,1994 Pg.135-136
Campos, Flavio de e Claro, Regina: A Escrita da História, Volume 3;Edições Escala Educacional S/A;SP,2010
www.wikiplédia.org: Rock no Brasil e o Rock Progressivo
Imagens: www.google.com

Por: Denise Oliveira, Janeiro/2013