Protesto em Porto Alegre, RS de 13.05.2013 |
Esse mês de junho seria mês das
festas tradicionais com fogueira, quentão, fogos, bandeirinhas e muita comida
típica. Porém, algo saiu do lugar comum. No primeiro dia do mês, aumento de
passagens dos transportes públicos, quase que sucessivamente em todos os
estados brasileiros. Um movimento de jovens, O MOVIMENTO PASSE LIVRE, e uma
rede social, o FACEBOOK, foram suficientes para fazer a fogueira das Festas
Juninas incendiarem as principais (e secundárias) cidades brasileiras.
Na primeira semana, como se
esperava, a mídia convencional e já velha conhecida da alienação nacional, caiu
de pau nas manifestações. Mas conforme o movimento foi endurecendo, e
encorpando a nossa raposa velha muda sua roupagem.
As manifestações iniciaram em maio
de 2013, e foi relegada a segundo plano pela mídia, e também pelos fascistas
que a usurparam. À esquerda e seus partidos lá estavam, por que sempre
estiveram ao lado de toda luta popular.
Em 11 de junho, manifestações no
Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Distrito Federal e
outras capitais, foi alvo de uma repressão violentíssima da polícia, e está
incorreu num erro gravíssimo, acertaram os agentes da mídia, os agentes que
sempre estiveram conta a gente. A partir daí, toda opinião pública se volta
contra a polícia... É o início do fim do movimento.
17 de junho novos protestos em
todas as capitais, no RJ, cem mil pessoas nas ruas. Aqui ainda não tinha
começado a caça aos partidos. Mas em SP, BH e RS sim. Enrolados na bandeira
nacional, inúmeros infiltrados e acéfalos de plantão, partiram pra cima dos que
sempre estiveram nas lutas, os partidos de esquerda (PSTU, PCO, PSOL e UNE). No
RJ, um grupo resolve invadir a ALERJ (Assembléia Legislativa do Rio de
Janeiro). Ali, eu já senti um cheiro estranho de fascista no ar.
Jovens felizes e protestando na
Rio Branco, até então bonito de se ver, mas a chegada na Alerj, pelo menos pra
quem já tem 35 anos de rua e de luta, tudo me pareceu muito falso e forçado. Do
tipo, causar um pânico geral na população e limpar a barra da desgastada
Polícia Militar, que se posta de vítima encurralada dentro do prédio. E para
justificar seu “encurralamento”, usou de todo arsenal possível, inclusive balas
de pólvora e não mais de borracha.
Rio de Janeiro, RJ,17.06.2013. Já não há mais bandeiras de partidos tradicionalmente de esquerda |
“Já voltei pra casa, pensando:”
Esse movimento está estranho. Os anarquistas porra louca estão fazendo tudo
errado de novo”. Era só o começo.
Brasília, DF,17.06.2013 |
Minas Gerais, Belo Horizonte 17.06.2013 |
19 de junho. Num discurso pra lá
de afinado, senhores governadores e prefeitos do RJ (Sergio Cabral e Eduardo
Paes) e SP (Geraldo Alkimin e Fernando Haddad), pronunciam o cancelamento do
aumento e a volta da passagens para o preço anterior, porém deixando claro, que
quem pagará essa conta é o próprio povo, com cortes em programas sociais (lê-se
saúde e educação).
As ruas do centro do Rio viraram
verdadeiros campos de guerra, um
verdadeiro inferno. A polícia e sua truculência nata, agora respaldada
pelos tais “vândalos” criados pelas
Redes de Televisão, entraram com tudo e mais alguma coisa. Lacrimogêneo, bala
de borracha, cães e balas de pólvora (traçantes). A PM invade as ruas, os
Hospital Salgado Filho, bares na Lapa e o Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da UFRJ(IFCHS), da onde os manifestantes e alunos só puderam sair
escoltados pelos advogados da OAB.
O balanço total desses protestos:
RJ, 20.06.13 |
Passamos mais de dez anos sem
nenhuma movimentação da população, os governos petistas se colocando como
de “esquerda”, numa população que não
sabe o que é e nem quem compõe a “esquerda e a “direita”, insuflada por uma
mídia que coloca todos os políticos no mesmo saco. Uma educação formal que
também não prepara o cidadão, visto que os professores são tão contaminados
pelo brilho dourado do capitalismo como qualquer um membro dessa sociedade
doente como a nossa. Reclamam, reclamam mas não trazem para as suas aulas o
verdadeiro significado de cidadania...Imagina o de internacionalismo. Meus
colegas,(em sua grande maioria) nem sabem o que é isso.
Por outro lado a esquerda
brasileira, da qual eu não me eximo, também não se mostrou como alternativa de
poder, e nem mesmo de liderança de uma massa, que poderia se levantar a
qualquer momento e por qualquer motivo. E o fez, pela gota d’água de R$ 0,20. Na verdade, o que
está por trás destes vinte centavos, é mais...e muito maior.
A precária e inexistente rede de
saúde pública, aonde se mata mais do que se salva, os elevados tributos que
pagamos e não vemos seu retorno em serviços, a prática tão comum e entranhada
em nós de que pequenas corrupções não são crimes, mas a corrupção vinda dos
políticos, até porque são de bilhões é vista como grandes e hediondos crimes(
as duas formas o são).
A Escola pública seja na esfera
fundamental (município), mediana(estado) e superior(federal) se mostram um
caos, tanto na estrutura física dos prédios escolares e universitários, como no
descontentamento de seus professores, diretores e reitores, aliando aí, as
práticas infernais de pressão para que nos livremos o quanto antes desses
“inoportunos alunos”. O que colabora pra uma sociedade cada vez mais
despolitizada e um professor cada vez mais desmotivado.
Lutas claras no campo e na cidade
por falta de espaço para os camponeses e indígenas, já que tudo o tempo todo
tem que ser para as elites dominantes. E nós não aglutinamos força, e pior, não ganhamos as massas como alternativa
a todo esse “lixo de esquerda que o PT se colocou”, e ainda nos sentimos no
dever de protegê-los, já que apoiar um Fora Dilma, é o mesmo que dar um tiro no
pé.
A verdadeira esquerda partidária,
ou a esquerda sem partido, se vê numa grande sinuca de bico. Não se coloca como
diferencial para as massas, e não pode romper com o governo, e acaba apanhando
dos três lados(do governo, da polícia e da população).
Os erros crônicos da esquerda,
que passa pelo seu próprio fracionismo ideológico e sedimenta nas discussões
fechadas em ciclos que nunca chega a grande massa, faz com que façamos uma grande
auto crítica. Se quisermos mesmo ser vanguarda, então que nos comportemos como
vanguarda. É no povão, e para o povão que temos que lutar. E não adianta alijar
esse povão das discussão, pois sem ele ficou claro, que não chegaremos a nenhum
lugar.
A direita, aglutinada e com toda
as formas de comunicação em seu poder, vai continuar nos ganhando, enquanto nós
nos colocarmos como os acima e por cima de todos.
Nós SOMOS o POVO, e o POVO não
nos vê porque não nos colocamos COMO POVO.
Por:Denise Oliveira, junho, 2013