sexta-feira, 21 de maio de 2010

Inclusão e Exclusão Social

INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL

Discutir inclusão e exclusão social no Brasil é uma complexa tarefa, pois dentro do que o governo e a sociedade brasileira se propõe, essa inclusão ou exclusão está intimamente ligada ao poder de consumo dos cidadãos.
No aspecto econômico o próprio IBGE apontou um crescimento no consumo das classes D e E, o que se pressupõe que mais pessoas saíram dessas classes e atingiram a tão sonhada classe média. Porém, na prática não é bem assim já que esse consumidor se vale de vários mecanismos para obter o tão sonhado bem de consumo, tais como: prestações e cartões de crédito e não um poder aquisitivo que lhe garanta melhoria real no seu status social. Mas como assim? Vamos listar alguns aspectos aonde essa inclusão não passa de exclusão disfarçada.
No que toca a base educacional das classes D e E, não há uma real oferta de melhor escolarização, garantindo assim, melhores empregos e salários que colocariam os indivíduos pertencentes a essas classes em melhores condições de moradia, lazer, acesso a saúde e as novas tecnologias e a meio de transportes.
Na educação podemos destacar a falta de acessibilidade dessas classes as universidades públicas, mesmo com mecanismos como o proUni ou cotas raciais. Por que isso ocorre? Essa resposta é simples e está relacionada à educação de base, lá na alfabetização, raiz de todos os outros problemas. O início da vida escolar das crianças na rede pública, que recebe justamente os indivíduos, consumidores das classes D e E está bastante comprometida, isso provado anualmente pelas provas estabelecidas pelo próprio governo. O que nos deixa claro que existe muito mais exclusão do que inclusão social.
No que foca a saúde, membros pertencentes as classes D e E, ainda recorrem aos hospitais públicos, já que podem comprar uma tv, mas não conseguem arcar com os valores bastantes altos dos planos de saúde. Nos hospitais da rede pública, esbarram com uma série de carências indo do simples algodão aos medicamentos necessários ao seu bem estar.
No quesito moradia verificamos vários aspectos emblemáticos. Os programas para construção de casas populares são insuficientes para todos, fazendo com que essa classe, apontada pelo IBGE como classe média, ainda residam em áreas de risco ou comunidades carentes de segurança e presença do Estado. Portanto a mesma pessoa que pode comprar a tv, não pode sequer entrar e sair de sua casa nos mais diversos horários, estando permanentemente exposta a ação violenta tanto dos meios tradicionais como os marginalizados. Além dos perigos naturais tais como chuvas de verão e outono, ou ainda de saneamento básico, oferta de energia elétrica e distribuição racional de água. Portanto, excluídos do mais elementar dos bens: a moradia digna.
Falando de moradia, podemos destacar também a carência de áreas de lazer e ou oferta de bons programas para as pessoas oriundas das camadas D e E da sociedade. Na tão sonhada tv, as opções são sempre as mesmas de gosto e conteúdo intelectual baixíssimos, cinemas, teatros e casas de shows estão localizados sempre nas áreas mais nobres da cidade, com preços elevados. O que faz com que o mesmo cidadão que pode comprar, a prestação um bem durável, não possa pagar pelo ingresso de um simples espetáculo cultural nos finais de semana. Incluindo aí o fator locomoção, já que é notório a falta de oferta nos transportes públicos em dias úteis, pior ainda nos finais de semana. Como boa parte dos oriundos dessa classe mais baixa do que média, utilizam os serviços de transportes coletivos, o que acontece é a não participação na vida cultural desses indivíduos.
Portanto, podemos perceber claramente que a inclusão social pensada pelos governos, não correspondem em nada a realidade das classes menos favorecidas. Apontar inclusão social observando apenas o aspecto consumista do sistema capitalista, é um erro grave e mascara a real situação do grosso da população brasileira, já que poder de compra não remete o complexo sistema social, da qual pertence as classes menos favorecidas.

Por: Denise Oliveira/ maio de 2010.

Um comentário:

  1. Como diz o MV Bill, quem não tem dinheiro nunca vai pertencer a classe A, B, C, só SEFORDÊ

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