terça-feira, 8 de março de 2011

Polônia: uma guerra vários inimigos

Soldados poloneses durante a invasão alemã
A invasão da Polônia pelo exercíto alemão, em 1 de setembro de 1939, marcou o início efetivo da II Guerra Mundial. Na verdade a II Guerra já vinha sendo desenhada pelo Nazismo, desde 1934, ano que marca a chegada de Adolf Hitler ao poder na Alemanha. Depois da noite dos longos punhais, onde toda e qualquer resistência as ideias nazistas foram varridas da Alemanha , a mando do Führer e comandadas pelas tropas de elite da SS. Nada mais impediu o avanço do partido não só na Alemanha, mas também na anexação dos territórios dos Sudetos, no leste europeu e da Áustria. Até então, Inglaterra e França se faziam de mortas para que não houvesse mais um confronto bélico no continente, já que estas nações estavam bem esclarecidas sobre o caos econômico que um novo conflito mundial acarretaria nas suas colônias da Ásia e África.
É neste contexto que Hitler e Stalin assinam o Pacto Molotov-Ribbentrop , de não agressão mútua, assinado em 1939.
Em 1 de setembro, sem nenhum aviso prévio ou declaração formal de guerra, a Polônia é invadida de madrugada pelas tropas alemãs. E na noite de 16 para 17 de setembro de 1939, pelo Exército Vermelho. A URSS, tratou de assegurar sua parte do acordo com Hitler.
Tornou-se claro que a Polônia não tinha só um inimigo, mas dois. Desde o dia em que começou a Segunda Guerra −, a Polônia estava conseguindo se defender de forma corajosa, ainda que sem sucesso, contra a então ainda poderosa Wehrmacht (Exército alemão). Até aquela noite, no entanto, não se sabia que a Alemanha e a União Soviética − na verdade, ferrenhas inimigas ideológicas − haviam se aliado num protocolo secreto anexado ao Pacto de Não-Agressão. Segundo este protocolo, Hitler e Stalin pretendiam dividir a Polônia. Naquela noite, o Exército Vermelho cruzou a fronteira oriental polonesa para assegurar sua parte do butim. Iniciava-se um dos mais terríveis episódios de uma história cheia de desgraças.


Por que tanta sede sobre a Polônia?
A Polônia já havia sido chamada de “chave do cofre” por Napoleão Bonaparte já que o país constituía um “corredor” por onde é possível invadir a URSS, como Bonaparte fez no século XIX e depois Hilter repetiria em 1941. Stalin, havia tomado suas precauções fechando essa passagem ao invadir o país pelo leste.
Os civis são os alvos principais da disputa pela Polônia
Seis milhões de poloneses morreram no conflito, dos quais mais de 95% civis. Durante seis anos, a Polônia pareceu um "matadouro mecanizado, cuja esteira rolante transportava constantemente os cadáveres de seres humanos assassinados", como disse certa vez o escritor polonês e Nobel de Literatura Czeslaw Milosz.
Situavam-se na Polônia ocupada os principais campos de concentração − Auschwitz, Treblinka, Sobibor, Belzec, Chelmno e Maidanek. Apenas 10% dos 3,3 milhões de judeus poloneses conseguiram se salvar.
Um fato que a perspectiva alemã às vezes deixa de considerar é que não foram apenas os judeus a ser sacrificados pela fúria destruidora dos alemães. Conforme os objetivos de guerra dos nazistas, a Polônia deveria desaparecer como nação. Por isso, a partir de 1939 foi iniciada uma verdadeira caça aos que manifestassem uma ideologia nacionalista polonesa.
Intelectuais, religiosos e nobres foram transportados aos milhares para campos de concentração, ou executados imediatamente. A meta era "germanizar" os territórios poloneses e transformar a população em mão-de-obra escrava.
A URSS não deixou por menos, logo após o Exército Vermelhou invadir o país iniciou-se os expurgos, para consolidar sua ocupação territorial os soviéticos assassinaram, aprissionaram e deportaram milhões de poloneses. Tais expurgos haviam começado imediatamente a invasão dos soviéticos ao território polonês.
A partir de agosto de 1944, a segunda fase desses expurgos já envolvia a deportação, prisão ou assassinatos de milhões de pessoas. Segundo o escritor Alexander Soljenítsin, umm dos primeiros a expor ao mundo os horrores da guerra e dos gulags(campos de trabalhos forçados impostos aos dissidentes ou prisioneiros de guerra ou políticos na URSS). “ Nações inteiras desapareceram pelos buracos dos esgotos.”
Houve um documento assinado em Yalta, pouco antes das delegações voltassem a seus postos de guerra: um acordo secreto sobre “repatriações”. O termo implicava que deveria existir uma pátria para a qual o indivíduo pudesse voltar após a guerra, e para isso, era preciso que a Europa estivesse divida en nações-estados. O problema que essa questão era altamente impossível de ocorrer naqueles tempos, principalmente no caso dos “russos”(termo pejorativo destinado a se referir de maneira genérica a qualquer pessoa originária da URSS). Em setembro de 1944, o gabinete de Guerra Britânico adotou a política de repatriamento forçado de “russos”, e em novembro os americanos seguiram o exemplo inglês. Quando os três chefes de estado se reuniram em Yalta, já haviam milhares de “repatriados”, mesmo que a URSS, tivesse 110 grupos éticos reunidos sob uma ditadura que havia efetivamente destruído os governos locais e esses “repatriados” não vissem nos territórios ocupados pela URSS, uma pátria para eles.
Os poloneses dissidentes e prisioneiros judeus sobreviventes dos campos de Auschwitz, e outros complexos de campos de concentração nazistas no oeste da Polônia e leste da Alemanha, foram evacuados forçosamente para campos localizados a centenas de quilômetros . Aqueles que não tinham condições físicas eram sumáriamente fulizados em grupos, não pelos nazistas, mas pelo tão libertador Exército Vermelho.


Por que a Inglaterra tratou as duas invasões da Polônia de forma tão distintas?
Com o crescente avanço da Alemanha sobre a Polônia e o acordo fechado entre Hitler e Stalin, a Inglaterra ofereceu à Polônia uma série de garantias, o que gerou o acordo Anglo-Polonês de ajuda mútua, assinado dois dias após o Pacto Molotov-Ribbentrop. A partir desse tratado, os britânicos se comprometeriam em ajudar os poloneses de ataque. Com efeito, após a invasão alemã, os ingleses declaram guerra dois dias depois.
Porém, na segunda invasão, a Soviética em 17 de setembro, quando 600mil soldados Vermelhos invadiram o leste do país, os britânicos não declararam guerra à URSS. Na época, a opinião pública não sabia que havia uma cláusula no acordo, só prevendo a invasão por parte da Alemanha.
Assim a agressão soviética foi abertamente tratada de maneira diferente em relação a alemã, e não é difícil entender as razões: Não havia interesse da Inglaterra em declarar guerra ao segundo país totalitário europeu, e que seria mais a frente, um “aliado” contra os alemães.
Heróis sem Pátria
A Inglaterra reconheceu abertamente a influência Soviética na Polônia, com resultado os poloneses que haviam lutado contra os exércitos alemães, ao final da guerra, se transformaram em pedras nos sapatos dos ingleses, pois não aceitavam a presença soviética em seu território, exigindo a libertação imediata do país.
Em resposta, para não aborrecer aos fantoches de Stalin, os soldados poloneses não foram convidados a participarem do Desfile da Vitória e nem as comemorações do Dia V.
Ao menos 15 mil soldados poloneses, que haviam lutado sob o comando do general Anders, um dos poucos generais polonese que conseguiu sobreviver ao extermínio em massa de generais poloneses pelo Exército Russo, retornaram a Polônia. Mas não havia “nada no futuro, a não ser vagar pelo exílio”.
Na verdade, a posição aliada aos exércitos poloneses, foi covarde, pois para assegurar a “parilha segura” do continente europeu, os aliados simplesmente ignoraram o sacrifício e a luta dos poloneses pela libertação de seu território. Para o povo polonês, a II Guerra Mundial não teminou em maio de 1945, ainda precisou-se de mais 45 anos até que os poloneses, enfim pudessem se donos de sua terra e viverem em liberdade.




Fonte:
Revista BBC História, 11° fascículo, pp 37 e 38/63,64 e 65
Blog: DW-World.DE –Deusche Welle- Artigo: Polônia o país mais devastado


Por : Denise Oliveira – fevereiro/2011

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