Ao final dos anos 70 era lançado
o álbum “John Lenon Plastic Ono Band”.
Na canção God, Lenon afirmava não acreditar,
na Bíblia, em Jesus, em Buda, em Bob Dylan, no movimento hyppe e nos Beatles,
afirmando na música “And thahst’s realyter.The dream is over”( E esta é a
realidade.O sonho acabou).
O início dos anos 70 parecia ter sido marcado pela ressaca da década
anterior, quando tudo parecia mudar,principalmente no louco ano de 68, onde a
juventude deu as cartas, mas perdeu o jogo. A morte violenta de Malcon X, Martin Luther King, Che Guervara,
Carlos Marighela, Carlos Lamarca, a continuidade da Guerra no Vietnã , a
manutenção da Guerra Fria, a manutenção das ditaduras militares desmoronamento
de países como Chile e Argentina,até então o oásis da democracia na América do
Sul. Tudo apontava para o esgotamento da capacidade de transformação do mundo.
O recolhimento pessoal, a luta
pela sobrevivência e os atrativos da sociedade de consumo tornaram-se
referência dominantes. Não por acaso a música muda, do rock contestador de Bob Dylan, Janis Joplin, Jimmy Hendrix e
Cat Stevens, surge o rock progressivo do Yes, Pink Floyd,Genesis(internacionais),
e no Brasil, pela ausência dos maiores músicos surgidos na década de 60, que
após o AI 5 foram obrigados a se exilar, como :Caetano Veloso e Chico Buarque,
vão surgir movimentos como Clube da Esquina e 14 Bis(MG), Mutantes e , lançando
a voz e estilo diferenciados dos Secos e
Molhados. Esse tipo de rock propunha uma nova
forma de sonho, o que procurava evadir-se e não brigar com a realidade.
A verdade é que a década de 1970,
foi de derrota total ao sonho de mudança real para a sociedade, os que
contestavam estavam fora, seja por problemas políticos, ou por que morreram de
over dose. O que restou: dançar bem ou dançar mal, mas dançar sem parar.
Grupo Secos e Molhados |
A invasão da música estrangeira na nossa cultura |
O modo de vida Brasileiro
Enceradeiras, batedeira,
aspiradores de pó, ar-condicionados, máquinas de lavar, aparelhos de som, e a televisão(que chega no final da
década de 50 e se transforma em elemento fundamental dos lares mundiais). A
julgar pela enxurrada de trecos e cacarecos a invadir os lares de classe média,
podemos notar claramente que a forma de entender felicidade muda completamente.
O ser feliz nos anos que virão, compreende ter, comprar, trocar, gastar, mudar.Mas
longe, bem longe se vai o ser, o dividir.
Os mais felizes e afortunados
ostentavam e concretizavam o sonho da “casa própria”. Participar da Aldeia
Global, criada em 1965 com a chegada da “Rede Globo de televisão”, que
alicerçada pela Ditadura Militar, consegue com suas novelas, programas humorísticos
e Telejornais seguidos à risca os mandos dos censores, prenderem a atenção de
todos, levando ao excluído a sensação de pertencer a um mundo a qual ele jamais
acessará.
Com a prisão, exílio e morte dos
maiores intelectuais-políticos e artistas brasileiros, e com a ofensiva da
televisão, o país ficou irremediavelmente menos crítico e reflexivo. Ouviam-se
cada vez mais músicas norte-americanas, inglesas, irlandesas, cuja a maioria
das vezes nem se compreendia o título das canções.Enquanto na música
brasileira, o que se ouvia era as baboseiras adocicadas da Jovem Guarda, ou
duplas como Dom e Ravel, ovacionando a Ditadura com versos vendidos tais como: “Eu te amo meu Brasil, eu te amo/Meu coração
é verde, amarelo, azul anil/ Eu te amo/Ninguém segura a juventude do Brasil.”
A juventude mesmo, está sendo morta, na Guerrilha do Araguaia, nas sessões de
tortura dos inúmeros DOI-CODIs espalhados pelo país inteiro.
O Auge da Ditadura
Esse ambiente de claro declínio
cultural e político, ajuda a explicar o fracasso da luta armada como alternativa
ao assalto de poder feito pelos militares apoiados pela CIA em 64, e
reafirmados no poder em 13.12.68, com a edição do Ato Institucional n° 5, o
golpe dentro do golpe, estava dando resultado.
“ O Homo brasiliensis reproduzido pela
máquina modernizadora do governo pós 64 ficou vazio de interesses culturais.
Bibliotecas,exposições de arte,espetáculos de dança e música,teatros, produções
massivas de livros e revistas, enfim,todas as formas de refinamento da
expressão artística não foram mantidas no horizonte de aspirações públicas como
prioritárias, segundo o planejamento socioeconômico posto em execução.
Na verdade, sequer contaram como
atividades suplementares. Foram deslocadas para significar meramente formas
ornamentais da vida.
Extraída a dimensão política do cidadão, pouco
restou para a área estética da cultura. Retirado do cidadão o acesso à consciência
de si, ele ficou encarcerado, sem força objetiva para se libertar, pois somente
na prática política a sua consciência se
desdobraria em ação libertadora.”¹
Seleção Tricapeã Copa México 1970 |
O governo Médice paralisou a
oposição, ampliando a censura, a
repressão política, e usando de forma
escancarada toda as medidas de arbítrio contra as liberdades individuais
e mecanismos de justiça. Todos estavam amordaçados.
Mas o efeito devastador de Médice,
sobre a oposição, residia em sua popularidade. Nas eleições parlamentares de
1970 e municipais de 1972, a ARENA(Aliança Renovadora Nacional) partido de
apoio escandaloso à manutenção ditatorial, obteve vitórias esmagadoras sobre a
tímida oposição feita pelo MDB(Movimento Democrático Brasileiro), que não
conseguia transpor o cerco da repressão
política a seus quadros.
Cartaz do Filme "Pra Frente Brasil" |
A esquerda armada derrotada em
1973 no meio urbano e a Guerrilha na Floresta Amazônica esfacelada em início de
1974, dará tônica da ordem vigente. Povo emburrecido, educação alienada e de valores burgueses, valores
capitalistas embutidos via principalmente TV e sua programação pobre de
conteúdo, cinema,livros e peças teatrais burlescas todos a serviço do entretenimento
irresponsável e sem lastro social e cultural. O uso da máquina esportiva e dos símbolos
antes populares como o samba, agora sendo usados para frear o desenvolvimento
intelectual e crítico da população.
Com todos esses elementos a
favor, em 40 anos teremos um país exaurido de valores esdrúxulos, que coisificam
naturalmente: as mulheres; gostosas e burras, o negro; como pobre,desdentado e
feio, o indígena; como o cara que atrapalha o progresso, os jovens sem perspectiva;
os viciados que enfeiam os grandes centros, e os mais velhos;como vagabundos
chatos que só querem viver às custas do Estado e os inconformados que não se
renderam ao sistema, que pensam por conta própria, que se recusam a assimilar
valores vindo da TV, os loucos do contra, os radicais que não fazem outra coisa
a não ser falar de política.
O ser analfabeto, mesmo portando
diploma de doutor está no controle...e a pergunta é...até quando?
Campos, Flavio de e Claro,
Regina: A Escrita da História, Volume 3;Edições Escala Educacional S/A;SP,2010
www.wikiplédia.org: Rock no Brasil e o
Rock Progressivo
Imagens: www.google.com
Por: Denise Oliveira, Janeiro/2013
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