quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Mídia: o quarto poder burguês





Os três poderes tradicionais da nossa república, - o executivo, o legislativo e o judiciário -, sofrem dos mesmos males: o patrimonialismo e o nepotismo, que alicerçam todas as formas de corrupção que tanto caracterizam e condenam o Estado brasileiro. A grande mídia, que se auto proclamou como o "quarto poder", absorveu as doenças congênitas de seus "irmãos" mais velhos, com a aparente vantagem de não ser "fiscalizada" ou "controlada" por seus "pares" e de ser a suposta construtora da opinião pública. 
Porém, como esse poder não se encontrava constitucionalmente estabelecido, seu alcance dependia dos limites das inovações tecnológicas e a realidade do seu domínio sobre o que pensam e sentem as pessoas, de uma opinião narcisticamente construída sobre si própria. E assim, depois de um curto reinado em simbiose com o regime militar, o grande truste da mídia foi surpreendido pelas casas de venda de aparelhos domésticos e a fé. Vídeos cassetes, DVDs, computadores domésticos, celulares e por fim o twitter quebraram o seu monopólio sobre sobre os veículos de multi-mídia, enquanto que a "reforma evangélica", muito mais do o retorno da "esquerda" do exílio, solaparam o seu "direito' de propriedade sobre o "bem" e o "mal". 
O "Facebook", que segundo o seu criador foi esculachado pelo brasileiros, e o surgimento da "mídia ninja", parece, ( a grande maldição da história é que nela tudo "parece", tudo "pode ser", mas ninguém o sabe até que já é tarde demais...), lhe desferiram o "golpe de misericórdia": atingiram o seu coração, a sua fonte de renda e de energia : tornou desnecessária a produção da notícia; todo mundo se tornou "repórter" todo mundo se tornou "cinegrafista", uma pessoa com um celular nas mãos vale tanto quanto uma grande empresa com equipes super treinadas, bem vestidas e maquiadas: jornalistas, ancoras, conselhos editoriais, poderosos "ombudsmans" e outras figuras foram inesperadamente chutados para o alto. Antes todos queriam os seus "quinze minutos de fama", agora todos produzem "quinze minutos de fama". 
E ela agoniza... As assinaturas e a audiência vem caindo vertiginosamente, o ódio contra a concorrência cresce a cada dia e ela clama por leis draconianas, que destruam os seus "inimigos", aos seus supostos "pares". Sendo que estes, como as aves carniceiras que sempre foram aguardam , meio assustadas e meio ansiosas, antecipando o gozo que terão ao saborear os nacos de carne do "cadáver" da sua "irmã" bastarda...

Por Carlos Dttiz, fevereiro/2014




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